tag:blogger.com,1999:blog-74025610351584382882024-03-05T17:52:27.576-03:00Gosto de Cereja VermelhaVioleta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.comBlogger46125tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-55615653112296808722020-08-05T23:14:00.003-03:002020-08-06T00:04:17.379-03:00Crônica de Quarentena # 01 ou Corona Feelings<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxLGAewXlUFtJQYZk4oTb5awS8bKZtg33xO94S37MqzLIGbIcu8AcDD6Z6HKxkuCjJyDYGwYuC3HGNkmRtbKIZTk9W54me44nRSz_UVl9H-U9_Aybx-lR_1PFeXoxRlngLJMvwxfgHddsb/s640/EFFABA45-CB56-494F-9305-1905B3C8C314.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="640" height="410" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxLGAewXlUFtJQYZk4oTb5awS8bKZtg33xO94S37MqzLIGbIcu8AcDD6Z6HKxkuCjJyDYGwYuC3HGNkmRtbKIZTk9W54me44nRSz_UVl9H-U9_Aybx-lR_1PFeXoxRlngLJMvwxfgHddsb/w410-h410/EFFABA45-CB56-494F-9305-1905B3C8C314.JPG" width="410" /></a></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div><br /></div><div><br /></div><div style="text-align: justify;">Meu Deus! Eu vou morrer. Foi assim que despertei de um cochilo na tarde da última sexta-feira. Dois dias antes, começara a me sentir mal. Dor nos olhos e corpo febril. Antecipei a ansiedade e experimentei o termômetro de mercúrio que, como uma dessas velhas preciosidades, se escondia no meu armário. Eu mal tenho 36 anos e já tenho um armário de remédios. Jesus amado! Eu sou a minha avó. Não, não sou. Se eu fosse, teria arnica. Vidros e mais vidros de arnica, além de sabe-se lá quantas cartelas de comprimidos. Não tenho arnica. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Esperei 5 minutos e descobri que o corpo febril não passava a temperatura de 37ºC. Respirei fundo. Pode não ser nada. A dor na região pélvica que já durava mais de duas semanas estava desaparecendo. Veja bem. Eu nunca tive grandes complicações na vida. Nunca quebrei um osso. Mesmo com todas as travessuras de infância nas fazendas, nas piscinas, nas quadras de futebol, nas cavalgadas e até nas ruas do Rio de Janeiro. Não quebrei um osso. A única vez que enfrentei uma sala cirúrgica foi para tirar uma pedrinha do rim. Pedrinha. Mas isso tem anos. E anos depois dessa cirurgia, outra pedrinha surgiu. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Você parou de comer carne vermelha? Eu não. Passou a tomar suco de limão e/ou abacaxi diariamente? Eu não. Eu não precisava me preocupar com a segunda pedrinha, disse o médico. Ela estava lá de forma que provavelmente não se moveria. Eu saberia quando ela se movesse. E então poderia me preocupar. A dor pélvica me lembrou a primeira pedrinha. Uma semana sentindo a uretra. Meu pai diz que só descobrimos que uma parte do corpo existe quando dói. Pois bem, um cirurgião passou um cateter pela minha uretra, quebrou a pedrinha, ela desceu, ele guardou num potinho pra me entregar, fim da cirurgia. Uma semana de dor na região pélvica. Eu nunca havia pensado antes na uretra. E depois dessa semana de pós operatório fiquei pensando nela por alguns dias seguidos. Mas isso já tem alguns anos. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Lembrei que a uretra existia. Pensara nela nas últimas 3 semanas. Será que a segunda pedrinha se mexeu? Estou há meses pensando no meu rim. Ou melhor, há meses o meu rim me lembra que ele existe. Dores pontuais. No começo, o susto me fez beber mais água. A dor passava e eu esquecia o rim. De uns tempos pra cá, bebendo água ou não, lá vinha uma pontada. A dor na uretra me lembrou o rim. Benza a Deus! A segunda pedrinha está se movendo. Esse tempo todo devia estar descendo o rim. E agora deve estar descendo a uretra. Que maravilha! Dos males, o menor. A pedra sai sozinha e dessa vez eu não pago anestesista. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Acontece que na quarta-feira passada, a dor na uretra ultrapassou recordes. Lembrei do médico que já havia me receitado um comprimido de dor duas semanas atrás. Tomei. Eu tenho uma armário de remédios, mas detesto ter que toma-los. E, em menos de uma hora, a dor grau 6 do dia inteiro, grau 3 das últimas semanas, desaparecera. Uma bonequinha no sofá. Cochilei por mais de duas horas. E acordei febril. Levemente febril me avisa o termômetro. Agora a dor é nos olhos. Respirei fundo. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Minha namorada tenta me convencer que eu uso os olhos demais. Escrevo demais. Leio demais. Assisto demais. Eu tento convencê-la que os uso de menos. Queria ler mais, escrever mais, ver mais. Argumento que faço pausas a cada hora. Coloco roupa pra lavar, jogo lixo fora, bebo água. A cada hora, eu levanto e me distraio. Se não estivesse em quarentena, provavelmente estaria lendo mais, escrevendo mais. Nem eu e nem ela estamos convencidas. A dor dos olhos não está explicada. Mas e a febre? <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Será uma infecção? Eu jurava que era uma pedrinha descendo. Já estava contando com a economia do anestesista. Antes que ansiedade chegasse, penso que não há razão pra me preocupar. Febril não é febre. Melhor esperar. Na manhã seguinte, acordo sem febre. E sem lembrar que tinha uretra. Mas em compensação. Em compensação, senti todas as partes do meu corpo. A cabeça, por exemplo, tem maças, tem o buraco dos olhos, tem testa, tem laterais atrás dos ouvidos, tem teto. Sentia cada parte dela como se fosse única, singular. Os pés também doíam. Os cotovelos doíam. A lombar doía. O externo? <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A última vez que senti o externo devia ter uns 16 anos. Um alongamento mal executado há 20 anos atrás. Porque diabos estou sentindo o externo? Passo o dia cochilando. Reunindo forças. A noite, mando mensagem pro médico que só me responde no dia seguinte. Ele passa instruções. Eu vou segui-las. Até o meio dia, nada demais. A tarde chega e com ela, uma tosse. E também um pouquinho de catarro. Agora já estou desejando a dor pélvica de volta. Porque basicamente eu migrei de um pontinho pro corpo todo. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Nada da febre. Pedido médico em mãos. Laboratório confirmado. E o rim dói. E se não for uma infecção urinária? Verdade seja dita: o que não é ruim que não pode ser ainda pior? E se for infecção no rim? E se eu estiver perdendo tempo? E se isso que começou com uma pontadinha na uretra tomar meu corpo todo? E se eu tiver uma infecção generalizada? Uma amiga mandou mensagem na quarta-feira. Disse que sonhou comigo. Eu respondi que esperava que tivesse sido um sonho divertido. Eu realmente espero que tenha sido divertido. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Eu não posso entrar em um hospital. Se eu entro pra tratar um rim, eu morro do pulmão com a porcaria do vírus? Até então eu não pensara no vírus. Até então eu driblei a ansiedade. Alguns chocolates, um porquinho assado com farofa, eu estava driblando a ansiedade. Mas agora estou convencida de que vou morrer. Eu não tenho a menor condição de enfrentar o covid. Eu sou fumante. Estou sedentária. Estou acima do peso. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Droga. Eu não fiz nada com a minha vida. Sério. Eu não fiz porcaria nenhuma com a minha vida. Eu não tenho nem um hobby qualquer que me fizesse levemente feliz. Eu não casei. Não tive filhos. Eu não fiz um décimo das viagens que gostaria. Eu não escrevi um livro. Não realizei nenhum sonho. Eu só trabalhei pra pagar contas. Eu não posso morrer. Não agora. Minha namorada estava prestes a me convencer de que eu trabalho demais e que eu deveria cuidar melhor de mim. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Droga! Se é pra morrer que seja com sorvete. Encomendo 2 litros dos sabores chocolate belga e crocante com amêndoas. Não satisfeita, peço um hambúrguer e uma porção de batatas fritas. Agora, me sinto suicida. Se é pra morrer que seja nos meus moldes. Que louca! Como, como se não houvesse amanhã. Durmo. Acordo e vou fazer os exames. Vou de máscara. Fico a 2 metros de distância das pessoas. Ando no asfalto para não passar perto de uma velhinha na calçada. Eu não quero ser uma assassina. Não nessa altura do campeonato. Ou pelo menos vou poupar as velhinhas. Eu tenho avós, ora bolas. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Volto pra casa. Estou exausta. Intercalo cochilos no sofá com uma série de judeus ultra ortodoxos. Eu poderia ter aquela vida. Eu poderia ter 6 filhos e comer ensopados de legumes todos os dias. Eu poderia ser mais grata e agradecer a D’us a cada gole de água. Caramba. Eu sou uma filha da mãe ingrata. Eu mal bebo água. <br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div><div style="text-align: justify;">Hoje acordo um pouco melhor. Não passo o dia me arrastando. As dores pelo corpo diminuíram. Acho que era uma sinusite. Talvez eu não morra. Preciso começar um detox. Compro os orgânicos pelo site, anoto as receitas que imunizam e desinflamam o corpo. Respiro fundo. Me despeço de uma pizza calabresa e de uma taça de sorvete. Estou pronta para um novo recomeço. Pego um livro, sento na minha poltrona favorita. Acho a página onde parei. Leio. Sinto uma pontada dilacerante no corpo. Putz! Não é o rim. É o fígado.<br /></div><br /><br /></div><div><br /></div><br />Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-90770556152688418012019-02-11T22:49:00.000-02:002019-02-11T22:49:54.602-02:00A Menina sem Estrela <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz0YLdbeHCJVHVv-pfac8W4ZkAcB9hFsgNtY2-tEEzjGzVLZ5IpieRkWnFhwFvMAlaOdggJojrZBpa6YmxuD5myZlizdUia1q9VMUBj1BrBtGr-WYLHZ4yOxuvqRxSQSsfjwptk7ht4gPX/s1600/Captura+de+Tela+2019-02-11+a%25CC%2580s+22.47.10.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="348" data-original-width="619" height="223" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgz0YLdbeHCJVHVv-pfac8W4ZkAcB9hFsgNtY2-tEEzjGzVLZ5IpieRkWnFhwFvMAlaOdggJojrZBpa6YmxuD5myZlizdUia1q9VMUBj1BrBtGr-WYLHZ4yOxuvqRxSQSsfjwptk7ht4gPX/s400/Captura+de+Tela+2019-02-11+a%25CC%2580s+22.47.10.png" width="400" /></a></div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
Ela já queria conhecê-la. Só não imaginava que levariam tantos anos para acontecer o encontro. Muito menos poderia imaginar que se daria em tais circunstâncias. Só sabia que ela teria que ir à casa. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Sempre imaginou uma casa espaçosa, com janelas grandes que dessem para um jardim. As paredes eram tão brancas quanto as nuvens do céu de verão. Havia uma cama de madeira sólida e, por cima, um colchão firme, mas macio que dava sustentação e conforto, envolto por lençóis de algodão tão suaves como deveriam ser. Ela podia sentir o vento suave da primavera invadindo os aposentos.</div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Na sua imaginação de criança, a tia, também de certa forma, uma criança, repousava esplêndida como se estivesse em um conto de fadas, como se fosse uma princesa, uma menina princesa. Foi a primeira pessoa que ela soube que vivia assim, adormecida. Alguns se referiam à sua condição a de um vegetal. Mas isso nunca lhe fez muito sentido. Os vegetais são para comer. Ela, para ser ninada. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Jovem já havia expressado o desejo de conhecê-la. Talvez não tenha enfatizado a importância desse encontro, ou, talvez, o que seria mais provável, queriam poupá-la. Nunca entendeu porquê. Tentou insistir. Mas alguns insistimentos nunca são respondidos.<br />Os anos passaram. E aquele desejo ficou adormecido, como a sua tia. Guardado no esquecimento. A vida era demasiadamente difícil, corrida, dolorosa o suficiente para lhe ocupar quase toda mente, quase o tempo inteiro. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Isso foi até uns seis anos atrás, quando ela finalmente conheceu o avô. Claro que já o conhecia, de nome, de histórias, de obras. Mas levou vinte e oito anos para realmente conhecê-lo. Quase que obrigada, meteu-se a ajudar nas comemorações do seu centenário de vida. A mãe dizia que só um Rodrigues poderia entender a outro. Entender, não a obra, mas o ser humano. Ela tinha razão. Quem daria conta de entender tamanha bondade, tamanha fúria? Quem daria conta de entender tantos homens em um só? </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Ela não conheceu só o avô. Conheceu a família inteira. Conheceu a si mesma em cada um deles, especialmente no avô, aquela figura polêmica, tão aclamado quanto incompreendido. Descobriu um fofo feroz que assim como ela detestava injustiças. Reconheceu o seu humor, a sua ironia, a sua petulância, até a sua própria chatura. Ele era implacável com os falsos messias. Ela seria assim também ou poderia ser poupada de tanta ousadia?</div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Conheceu também por ele e pela obra, aquela que seria a sua tia adormecida, a menina sem estrela, a menina que nascera cega e teria que viver uma vida inteira deitada numa cama. Não, não era como nos contos de fada. Ela já sabia disso. Já tinha mais do que idade suficiente para entender o que significava passar uma vida deitada a uma cama. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Deixou os anos passarem novamente até que um dia pressentiu. E com a urgência que um mal pressentimento pede, falou com sua mãe. Pediu para marcarem uma visita. Estavam fora do país e a ideia era não esperar tempo demais, só o suficiente para o ano começar com todas as suas demandas mediocremente cotidianas. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Não queria deixar passar janeiro, mas tantas coisas não poderiam passar do primeiro mês daquele ano. Se perdeu em tarefas até que teve um estalo. Dessa vez, não deixaria para depois. Pediu a uma tia que intermediasse o encontro. E assim foi feito. Aguardou atenta ao seu telefone por toda aquela sexta-feira. Nada. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
No sábado, mergulhada nos afazeres maçantes da vida perdeu a ligação. Era um número desconhecido. E era justamente um número desconhecido que ela esperava. Não teve dúvidas, retornou. Nem percebeu como, mas estava na janela do seu quarto fumando. Ouviu uma voz desconhecida de mulher. Ela sabia quem era, mesmo sem nunca ter ouvido a voz da outra. Se apresentou. Falaram rapidamente do desencontro no dia anterior. E, então, a notícia: a menina sem estrela se fora. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Sentiu o seu chão cair. Mas fincou os pés o mais forte que pode. Do outro lado, a mulher, meia irmã por parte de mãe da sua meia tia por parte de avô, falava sem parar. Ela mal conseguiu dar os pêsames. Foi atropelada por uma avalanche de informações. Mal pode ela sentir a sua própria perda. Era melhor amparar e dar um sentido pratico àquilo tudo. Combinou que ligaria para a mãe, para a tia, prometeu que em breve qualquer uma delas ou até ela mesmo retornariam. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Desligou o telefone e antes que pudesse sentir o peso da morte, começou a ensaiar a primeira ligação. Sua irmã que atendeu. A mãe estava no banho. Avisou a irmã. Deu detalhes da ligação. Desligou. E seguiu o plano ligando para tia. Contou novamente os detalhes da ligação. E do outro lado, ouviu um pragmatismo suicida. Tentou ponderar, mas como ponderar nessas circunstâncias? Combinaram de irem juntas. Ela finalmente conheceria sua meia tia, sua tia adormecida, aquela que um dia fora princesa de contos de fada, e, hoje, um dos maiores carmas de toda uma família. Não era um peso. Nunca entendera assim. Mas jurava que a condição da tia era um alerta a todos eles, inclusive a ela. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Manteve a cabeça em cima dos ombros. Ligou para outra irmã, avisou do pragmatismo suicida da tia, concordaram que a mãe, em sua atual condição de saúde, precisava ser protegida. Queria proteger a tia também, mas como a mãe, não permite que lhe deem as mãos. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Manteve a cabeça em cima dos ombros e foi conferir o frango que assava. Montou uma salada no prato, temperou, comeu. Precisava comer. Não que quisesse. Mas já haviam passado tantas horas desde o café da manhã que ela temia não ter forcas para ir até à casa. O frango finalmente ficou pronto. Comeu. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Terminado o almoço, foi tomar banho, o segundo do dia. Queria estar limpa. Entrou no quarto refrigerado e as roupas já estavam lá, no armário, claro. Foi uma dessas raras vezes em que ela soube exatamente o que vestir, uma calcinha azul marinho, uma calça azul marinho, uma camisa social de algodão branca sem mangas, um tênis azul claro, um colar de contas azul claro, presente da sua prima caçula, e, um pingente com a sua entidade. Estava pronta. E agradecida. Sabia que havia sido vestida. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Faltavam alguns minutos para a tia passar de táxi. Ela deveria se maquiar? Não sabia. Então, foi até a sua nécessaire e escolheu o único batom rosa claro, quase transparente, que tinha. Passou nos lábios. Desceu pelo elevador. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
No táxi, sua tia falava. Ela ouvia. Apenas. Estava concentrada em encontrar o endereço, olhar o mapa. Estava calor demais para errarem e terem que andar. Foram pela 19 de fevereiro, mais rápido, e como, turistas ficaram conferindo a numeração dos prédios até chegarem à casa. Subiram pelo elevador de serviço já que o social estava em manutenção. Já na porta da cobertura, ela teve seu primeiro estranhamento. Não tem número. E por pura exclusão, soube que estavam na porta certa. Tocaram a campainha. A cuidadora, em prantos, abrira a porta. Fez lembrar uma mãe que acabara de saber da morte do filho. Chorava escandalosamente. Só ela. Os demais tinham uma cara de paisagem desconcertante. Exceto, a meia irmã por parte de mãe. Quicava de um lado para o outro, falava com um primo, com o rapaz da funerária, com a cuidadora, comigo, com todos, com ninguém. Estava presa num redemoinho de afazeres que mais parecia uma daquelas pessoas que nunca na vida resolveram qualquer coisa. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
E entre acompanhar aquela ansiedade e olhar a casa, ela escolheu olhar a casa. As paredes não eram brancas como nuvens. Eram encardidas como de uma república de estudantes pobres, mas pelo menos havia uma grande janela com uma cortina esgarçada pelo tempo, mas que permitia entrar luz naquele lugar. Os móveis pareciam ter sido doados, nada realmente fazia sentido ali. Nem mesmo a pequena estátua do seu avô, nem mesmo a foto dele pendurada na parede. A tia pediu para ir ao quarto. Ela, sem falar nada, a acompanhou. O corredor era escuro, quase sombrio.</div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Entraram na primeira porta a direita. Sua meia tia, sua tia inteira, a princesa dos contos que não eram de fadas, a menina sem estrela, repousava rígida. Exatamente o oposto de tudo que um dia poderia imaginar, criança ou adulta. Tão magra, tão pequenina, tão frágil, tão forte aquela imagem. Quase tão forte quanto o próprio aposento. Paredes tão sujas quanto de um verdadeiro cortiço. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Notou um homem negro sentado num colchão ao lado do dela. Nunca havia visto um colchão tão encardido de sujeira. E olha que ela já havia conhecido cortiços, puteiros, repúblicas, favelas. O quarto estava abafado, nem de perto sentira a brisa gostosa que um dia imaginara. Os prantos da cuidadora deixavam a atmosfera ainda mais pesada. A tia, aquela que a acompanhava, pediu que o homem e a moça as deixassem. Estava tão atordoada que por um milésimo de segundo se sentiu feliz. Alguém naquele momento conseguiu o que ela mais queria, paz para se despedir daquela que há tantos anos queria conhecer. </div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
Fechou os olhos e começou a rezar. E começou a sentir o peito sufocar, o coração acelerar. Ela rezava. E quanto mais rezava, mais sufocada se sentia. Estavam lá. Todos eles. Até aqueles que ela não sabia quem eram. Começou a tremer. E por um instante, por um longo e dilacerante instante, achou que fosse desmaiar. Logo ela, que raramente se deixava abater por qualquer coisa.</div>
<div style="caret-color: rgb(29, 33, 41); color: #1d2129; display: inline; font-family: system-ui, -apple-system, BlinkMacSystemFont, ".SFNSText-Regular", sans-serif; font-size: 14px; margin-top: 6px;">
Não queria que tia, a que estava rezando ao meu lado, percebesse. E continuou a rezar, cada vez mais rápido. Rezou tudo o que sabia, todas as rezas que lembrava. Queria saber quem eram aqueles que estavam lá. Eles haviam vindo buscá-la? Mas toda vez que seu pensamento não era reza, sentia vertigem. Continuou a rezar. Até a tia trazê-la daquela transe. Saíram do quarto de frente. Continuou a rezar e rezou até sair daquela casa. E na saída, viu que as espadas de São Jorge estavam completamente derrubadas no chão. Rezou no elevador. Rezou no caminho de volta pra casa. Rezou quando colocou suas roupas pra lavar e quando tomou banho de sal grosso. E vai continuar rezando até ter certeza que a meia tia, a tia inteira, a menina sem estrela irá, ela mesma, brilhar no céu.</div>
Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-41238721179017902762012-04-12T03:15:00.001-03:002012-04-12T10:57:48.554-03:00Imensidão desContida<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_gCZU1iruo2bSS2d6E4R8n-XTyKevILScCHw6au8q5AjJE-DTjcIVws8jKvYnXZrgvY1HrqO0X4F8IwrGG5kl2NdmyvyWxv1Fe608Y8dlKU2P6aXxQyQYVYqlw_OVou3pt6E3M56411bB/s1600/Pantanal.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_gCZU1iruo2bSS2d6E4R8n-XTyKevILScCHw6au8q5AjJE-DTjcIVws8jKvYnXZrgvY1HrqO0X4F8IwrGG5kl2NdmyvyWxv1Fe608Y8dlKU2P6aXxQyQYVYqlw_OVou3pt6E3M56411bB/s320/Pantanal.JPG" width="320" /></a></div><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem do site: http://www.placesdonkey.com/ </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Não era o cheiro de chuva, nem o toque do vento, nem o estalo dos gravetos flamejantes, era a visão disso tudo. A visão do céu azul, rosa avermelhado, violeta insinuante que transbordava na tela. Ela voltou a casa. Foram as cores que a conduziram. Quando partiu, ainda menina, não sabia a dimensão daquele lugar. Muito menos sabia da força das águas. Um dia, chamou aquilo tudo de seu jardim. E com as mãos sujas de terra, conversou com os seus. Mas hoje não. Do outro lado da vida, entre carros paralisados e sinfonias ensurdecidas, o mundo era desértico. As trocas empreendidas, quase todas, de uma superficialidade aterradora. Poucas foram as almas que davam cor a paisagem da cidade. Já esteve cansada de compartilhar a solidão mesquinha dos vazios perambulantes. Poucos se atrevem a conhecer a si mesmo. Ela que vivera na carne os medos, até os menos sutis, demorou para aceitar isso. A covardia não fora ensinada pelos grilos do seu jardim. Enfrentou a impetuosidade da ousadia desmedida e viu as máscaras caírem. As suas. O passado recente perdera o gosto amargo. E o passado longínquo parou de ofuscar o presente. Não era saudosista. Só deixara de fugir. A imagem da imensidão solitária daquele lugar que um dia chamara de seu jardim não saía de seus olhos. As cores, os cheiros, os ruídos, os gostos, os silêncios deixaram de ser lugar. Já faz um tempo que ela havia se transformado. Como a tela de cinema, ela transpira vida. Hoje, é ela que é aquela imensidão solitária. </div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-85580036003571829052012-04-10T11:39:00.001-03:002012-04-10T16:48:50.644-03:00Quando Lucas não via Nós<div style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3DfrNQz3aCSIDxlsFEa_sqWwrAZuUZzOYb2i6jw1hlpL3_0Cc1PwyfNaSHxWdB1k_-4o9jgaFjp6yGy6OVNHW91u62zoiDrS5XknB6EwiBCWbeO83Zm96ePAKWyVttnbQqC7y2xA7pD_1/s1600/nos2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3DfrNQz3aCSIDxlsFEa_sqWwrAZuUZzOYb2i6jw1hlpL3_0Cc1PwyfNaSHxWdB1k_-4o9jgaFjp6yGy6OVNHW91u62zoiDrS5XknB6EwiBCWbeO83Zm96ePAKWyVttnbQqC7y2xA7pD_1/s320/nos2.jpg" width="320" /></a> </span><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem de Lúcio Caldeia</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Vitória era escritora. E durante um bom tempo fora também autora de Poemetos Neoconcretos Eróticos. Agora ela não escrevia mais nada ou quase nada. Escrevia livros, assinava colunas, mas não dizia realmente nada. Como se de um dia para o outro, tivesse perdido o gosto pela escrita. Antes, quando gostava do que escrevia, tinha um deslumbramento especial pela forma. Adorava desenhar as letras e ouvir os sons se desprenderem do papel. Cada palavra, cada ponto, cada espaço, cada silêncio, cada vazio, cada imensidão de significados transbordava de sua alma para o papel. E do papel para o leitor. Seja quem ele fosse, ficava inundado com a beleza plástica. E extasiado com a profundidade poética. Era afeto em cada gesto, era gosto em cada ponto. Mas um dia, Vitória deixou de transbordar a sua alma no papel. E deixou de inundar o leitor com a sua beleza. Agora ela os entupia de frases e parágrafos até transformar o fino paladar numa grosseira falsificação de sabores. Mas ela continuava escrevendo e continuava vendendo. Talvez a grande maioria dos leitores não perceba a sutileza de gostos. Ou talvez, o seu nome já consagrado ofusque o fato da sua prosa não ser mais poesia. Seja como for, Vitória, já não é mais a mesma. Lucas demorou a reconhecer a cruel verdade. Vitória já não escrevia com a paixão e lucidez de sempre. Doeu. Doeu reconhecer. Doeu tanto ou mais do que já havia doído a separação do casal. Vitória, autora. Lucas, muso.</div><div class="MsoNormal">Ele se sentia culpado. E se durante a separação, ela tivesse deixado na casa, além das fotos, das músicas, das plantas, dos planos, dos sonhos, a sua força criadora? Bem verdade, ele nunca quis que Vitória fosse embora. Assim, como nunca quis, que ela ficasse com nada daquilo que um dia fora deles. Durante a separação, ele trabalhou como nunca. E, portanto, não houve maneira de fazer tempo para a partilha. Acabou herdando sem querer querendo a maior parte dos objetos que o casal juntara nos dez anos que estiveram juntos. Herdara sem querer querendo as plantas, os cd`s, os álbuns de foto, os cadernos de desenho, os de poesia, as planilhas de Excel com as contas do mês, os rabiscos na parede da sala, os cartões postais das viagens, a caixinha onde guardavam os seus desejos postos em papel e que só poderiam ser lidos no dia que o casal fizesse bodas. Ele se sentia culpado. </div><div class="MsoNormal">E se na sua covardia para dizer adeus tivesse amputado de Vitória o que ela era dela, só dela? Isso parecia absurdo. Ninguém amputa de ninguém a inspiração. Ou amputa? Na dor da separação, Lucas havia machucado a alma de Vitória. Seria essa a explicação para os textos da moça não serem mais os mesmos? </div><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt;">Lucas pegou o jornal e releu a coluna de Vitória daquele dia. E depois releu o primeiro capítulo do último livro publicado. E depois releu o último capítulo do primeiro livro publicado. E foi lendo e relendo trechos, parágrafos, capítulos e quando já estava prestes a abrir a caixa onde guardava os bilhetes que ela escrevera para ele no tempo que eram um casal apaixonado, ele começou a ter novas dúvidas. E se, na verdade, era ele que não soubesse mais enxergar beleza? E se, na verdade, era ele que estivesse com as papilas incapazes de sentir o sabor das palavras? E se, na verdade, ele estivesse com saudades? Achar que os textos de Vitória não eram mais como antes poderia ser uma desculpa para estar na presença da moça. Até pouco tempo atrás, a moça não era moça, era a mulher de sua vida. Então, estaria ele se contentando com a presença do antigo amor mesmo que essa presença fosse somente em sua imaginação? Mesmo que essa presença fosse somente e tão somente palavras? Já não sabia de mais nada. Entorpeceu-se de dúvidas. E assim meio entorpecido, meio ausente, fora de si, deitou na cama e começou a chorar. Chorou as mágoas, os enganos, as dores, os medos, as delícias, as alegrias, a saudade, e tudo o mais que poderia chorar. Chorou até depois de secar as lágrimas. Chorou choro sem água. E varou a noite de tanto chorar. Dormiu e chorou em sono. E chorou nos sonhos. Chorou por todos os anos que não havia chorado. Quando acordou, estava mais cansado do que quando havia deitado. Ao primeiro raio de luz, Lucas percebera que já não era o mesmo. Abriu os olhos e descobriu tudo. Não era Vitória. Era ele. Era a alma dele que havia sido amputada. Anos atrás. Muito antes de conhecê-la. </span><br />
<br />
<span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt;"><a href="http://gostodecerejavermelha.blogspot.com.br/2011/11/desfiz-os-nos.html">Desfiz os nós</a> </span>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-6090759075911169372012-02-17T00:52:00.000-02:002012-02-17T00:55:13.386-02:00Fábula Moderna (parte 2)<div class="MsoNormal"></div><div class="MsoNormal"></div><div class="MsoNormal"></div><div class="MsoNormal"></div><table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdy04EP9GyFfkDL8SFQO-zLsqjmJ0tzo8gG30QodW92QxKrqXMEPhduWmLRgrdktxagZgNbYx9-wKnNC8lg-s0Qf2oFaRclsDlSJUueBl6UZYEbAXbfYtv7fWIaZkmNkmrhi3qk2N4nbfo/s1600/Arcos-da-Lapa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgdy04EP9GyFfkDL8SFQO-zLsqjmJ0tzo8gG30QodW92QxKrqXMEPhduWmLRgrdktxagZgNbYx9-wKnNC8lg-s0Qf2oFaRclsDlSJUueBl6UZYEbAXbfYtv7fWIaZkmNkmrhi3qk2N4nbfo/s320/Arcos-da-Lapa.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Imagem do site: http://www.viajerj.com/2011/08/29/bares-da-vida-boemia-do-rio/</td></tr>
</tbody></table><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;">Versão erótica e despudorada do que uma noite no Rio de Janeiro possa render: </span></div><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"></span> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Sexta-Feira. Noite. Quatro amigos solteiros saem para night! Muitas expectativas e o desejo forte de curtição. </span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>1)Participantes:</b></span><span style="font-family: Georgia;"> 3 amigas + 1 amigo</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>2)Roteiro:</b></span><span style="font-family: Georgia;"> Leblon + Flamengo + Lapa</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>3)Ingredientes:</b></span><span style="font-family: Georgia;"> 4 caipivodkas de tangerina + 4 caipivodkas de melão + 6 mojitos + 5 doses de cachaça + 3 doses de cachaça de gengibre + 2 garrafinhas d`água... + incontáveis cigarros a varejo + 1 pacote de bala halls.</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>4)Resultado: </b></span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>A)</b></span><span style="font-family: Georgia;"> Um convite traumático para visitar um suposto reino encantado que mais parecia ser o brejo encantado. Ela não imaginou que o aprendiz de príncipe que paquerava há semanas, não passasse de um sapo...</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>B)</b></span><span style="font-family: Georgia;"> Um vale cavalgada alucinante com guerreiro do reino distante sem o estranhamento matutino de corpos desconhecidos. </span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Tudo resolvido por ali mesmo no estilo: </span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><i> – I always get what I want, so take your paints out, big boy!</i></span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>C)</b></span><span style="font-family: Georgia;"> Vale vingança acidental no recente ex-namorado bem no estilo: </span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Ups! Você por aqui?! Bom te ver! </span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Entrelinhas – <i>Pois é, eu, aqui, solteira e rodeada por amigos grandes e fortes. E aquela tua busca? Encontrou o reino encantado da infância, Peter?</i></span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>D)</b></span><span style="font-family: Georgia;"> Depois de muito papo com donzelas loucas ou medo de arriscar não faturar nem as mais desesperadas, desconta um vale P solitário at home. </span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Sobre os resultados:</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>A</b></span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0.5in;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Depois de passar pelo sufoco de convencer os amigos a migrarem do Leblon para lapa, tendo que fazer <i>pit stop</i></span><span style="font-family: Georgia;"> em bar no Flamengo, finalmente, princesa encontra seu príncipe depois de semanas de paquera. Conversam por horas e já cansados do agito da noite resolvem partir. Dividem a carruagem amarela de faixinha azul. </span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0.5in;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Bem perto da entrada do reino encantado, ele a convida para namorar nos jardins das fadas. Ela aceita. Eles se beijam despudoradamente. São interrompidos pelo estridente telefone do rapaz. Ele atende:</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Oi. To aqui embaixo. Ahan... Daqui a pouco.</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Ela fingindo não prestar atenção, atenta a cada palavra.</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Ahan... Eu sei que horas tenho que acordar. Ahan...</span><span style="font-family: Georgia;"> Mãe, eu sei que amanhã de manhã eu tenho aula na facu... Ahan... Ahan... Pô, mãe, eu to conversando com uma amiga. Não dá pra falar agora... Mãe, não precisa me esperar acordada. Ahan... Beijo. Até daqui a pouco.</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Desliga o telefone.</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Foi mal! Tenho que partir. Minha mãe, sabe como é, né?!</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Ahan... </span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Pô, deixa seu telefone.</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Então... a gente se vê por aí! </span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Sério?</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Faz assim, a gente se esbarra. Mais espontâneo, né?</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">-Pode crer! Curti.</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Eles se despedem e ela trata de sair dali o mais rápido possível... </span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>B:</b></span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Rapaz aborda moça na rua. </span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Eu sou o guerreiro que veio te salvar dos inúmeros perigos da vida noturna carioca.</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Me salvar? Sério?!</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– É, senhorita. Vim salvá-la dos perigos da night. Quero levá-la para meu reino encantado.</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">– Você parece ser gente boa. Então, vou te mandar logo a real, grande guerreiro. Reino encantado não rola. Curto muito o meu ap. E não curto a idéia de ser salva. Sabe como é, né? Mas você pode me convidar para uma cavalgada, se é que me entende!</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">....</span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span> <div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>C</b></span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0.5in;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Saiu de casa relutante, convencida por uma amiga desesperada. Se fez gata na esperança de se auto convencer que a vida não é essa grande M... De bar em bar, bebe até começar a achar graça no desespero alheio. </span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0.5in;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Encontra antigas paqueras que valorizam o seu atual estado de graça. Esbarra com o ex justo na hora que está rodeada de antigas e novas possibilidades. E para sua surpresa, além do sorriso de garoto, ele continua usando aquela bermuda com furo no bolso. </span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;"><b>D</b></span></span></div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal"><br />
</div><span style="font-size: large;"> </span><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0.5in;"><span style="font-size: large;"><span style="font-family: Georgia;">Solteiro há mais tempo que as três amigas, sai pra night mais esperançoso que fim de ano. Depois de algumas horas, não tem mais piadas e nem cantadas no seu repertório para enfrentar a fúria de solteiras ressentidas. Bebe até o ponto de duvidar de sua capacidade argumentativa. Quando já estava pensando: – princesa é o cara... Seu rosto se ilumina ao lembrar que em casa guarda uma edição super especial da Mulher Maravilha.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0.5in;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 0.5in;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: right; text-indent: 0.5in;"><span style="font-family: Georgia;"><span style="font-size: large;">Sozinhos até a próxima night!</span></span></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-81868041262412654812012-01-29T03:15:00.001-02:002012-01-29T03:19:38.487-02:00Sono formoso<div style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnvG8mSNcE3JxJC1PKagL8CV_uqekM5iFBc0iI02luZpb1xBhtUwmqcVoXV-vnAu0ePLs6WJ7XOlJUpUNT4xCWfpFoEKONo56BiVR2fJvD_ETAU6sS__6adzNJ4ynJ3eWll4n-3SnQXyF_/s1600/Captura+de+tela+2011-03-29+a%25CC%2580s+3.28.57+PM.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnvG8mSNcE3JxJC1PKagL8CV_uqekM5iFBc0iI02luZpb1xBhtUwmqcVoXV-vnAu0ePLs6WJ7XOlJUpUNT4xCWfpFoEKONo56BiVR2fJvD_ETAU6sS__6adzNJ4ynJ3eWll4n-3SnQXyF_/s320/Captura+de+tela+2011-03-29+a%25CC%2580s+3.28.57+PM.png" width="320" /></a> <style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> </div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">Acordou no meio da noite procurando perguntas. Já não queria mais saber de respostas. Conhecia o lado chato e enfadonho das verdades verdadeiras. Conhecia o lado pedante do certo retumbante, do concreto encardido. Precisava de perguntas.</div><div class="MsoNormal"> Lembrou-se do tempo de menino quando a vida era preenchida por suas curiosidades interrogativas. Quase sentiu o gosto da expectativa. Salivou o encanto da espera. As respostas custavam a vir. Como era gostoso indagar sobre as coisas desconhecidas. </div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">Pensou nas grandes dúvidas de infância, mas estas escapavam a memória. Acordou no meio da noite porque seu sono não tinha razão de ser. Dorme quem precisa acordar. Acorda quem precisa indagar. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">O que faz quem já não sabe perguntar?</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">Deitou-se na cama, ajeitou o travesseiro de penas de ganso. E com as duas mãos elevou o lençol de algodão num movimento só. Deixou sentir a leveza das fibras macias tocarem sua pele. Os olhos fechados e o doce respiro, dormiu o sono formoso de menino. </div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-82470104703175256662011-11-30T02:31:00.000-02:002011-11-30T02:38:32.906-02:00Com Fusão<span style="font-family: Helvetica;"></span> <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5kyUf2VsNJWhyphenhyphenuoy2GloEgHFPgVqtp2qtltR1PCPzVG_zaELih7qrqcyWKKsYmBi7LiImG-bzmdrHOpt0s2kE5AUNy-QPDLqHQD6itvzfBSJsk1c_7b5wpuzuZDQjvNus4AjtpNuvOl8j/s1600/IMG00425.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh5kyUf2VsNJWhyphenhyphenuoy2GloEgHFPgVqtp2qtltR1PCPzVG_zaELih7qrqcyWKKsYmBi7LiImG-bzmdrHOpt0s2kE5AUNy-QPDLqHQD6itvzfBSJsk1c_7b5wpuzuZDQjvNus4AjtpNuvOl8j/s320/IMG00425.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal"><br />
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Verdana;
panose-1:0 2 11 6 4 3 5 4 4 2;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> </div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Eu gosto de voz, de pele, de toque, de sopro. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Eu gosto de carne, de sangue, de alma. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Eu gosto de ouvir a vida no suspirar da alma bonita. </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">...</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Queria andar pelas ruas,</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">beirar a areia da praia e ver você.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">E queria que no cruzar dos nossos olhos nos enxergássemos para além disso tudo. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Queria que nos enxergássemos para além do óbvio massante que é ver.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Eu queria sair para passear.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">E queria me deitar com você.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Dormir o cansaço da dor que nos castigou.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Queria acordar renovada.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Com o doce gosto de quero mais na boca.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Com o desejo de viver pulsando em cada veia do meu corpo. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Uma pena você não estar por essas bandas de cá da nossa língua! </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">...</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Acordo e penso em você. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Acordo e está tudo misturado.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Quero achar o seu corpo na minha cama.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Eu me mexo de um lado para o outro.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Não é hora de levantar.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Sentir o peso das suas pernas por cima das minhas.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Sentir o calor do teu corpo envolto ao meu.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Quero acordar com beijos.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">E quero passar a manhã de domingo com carícias.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Quero rir desse jeito envergonhado.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Quero soprar a nuca.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Beijar o pescoço. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Tocar os seus lábios com os meus.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Quero dar bom dia.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">E me esconder entre seus braços.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">E me achar nos seus olhos.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Eu só consigo pensar em como você é doce.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="mso-layout-grid-align: none; mso-pagination: none; text-autospace: none;"></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-26434097510698046712011-11-26T14:31:00.001-02:002011-11-26T16:42:38.373-02:00Mordendo a Cereja<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTROE_RfW2QG5UFVBT2BvBHVvbC9d_VSuSglHGsUCY3fWpwl2NpGz4REqVRkoV3DyqYYuxYnd82EQBLRbojrppRqewMBVPslAyzJbxUQkiLdwQCXEMaBVdtu07pHdgbfQfjXjEVJT_B2GP/s1600/IMG00479.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTROE_RfW2QG5UFVBT2BvBHVvbC9d_VSuSglHGsUCY3fWpwl2NpGz4REqVRkoV3DyqYYuxYnd82EQBLRbojrppRqewMBVPslAyzJbxUQkiLdwQCXEMaBVdtu07pHdgbfQfjXjEVJT_B2GP/s320/IMG00479.jpg" width="240" /></a></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Aos meus amigos, meus amores </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">É muito bom alcançar um patamar de maturidade onde expor fraquezas não é um levante revolucionário para mascarar uma resposta infantil as divergências corriqueiras da vida. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">É muito bom alcançar um patamar de maturidade onde expor fraquezas não é um grito desesperado por sobrevivência e nem é artifício de chantagem para aplacar a tirania da solidão imposta. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">É muito bom alcançar um patamar de maturidade onde expor fraquezas não procura colo, abraços, beijos, culpados, carrascos, rompimentos, discussões.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">É muito bom alcançar um patamar de maturidade onde expor fraquezas não é o vomitar do emaranhado complexo e muitas vezes doloroso do envolvimento humano. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">É muito bom alcançar um patamar de maturidade onde expor fraquezas é simplesmente sinônimo de tomada de consciência ou até mesmo de superação. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;">Nada melhor do que a constatação de que se está em um determinado trecho da trajetória do herói da maior aventura de todas, a nossa. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Verdana;"> </span></div><span style="font-family: Verdana;">Nada de fato é melhor mesmo do que morder a cereja vermelha da vida. </span>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-12617642277352547892011-11-22T20:08:00.000-02:002012-04-11T00:22:00.949-03:00A Caixinha que você fez para mim<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
span.hp
{mso-style-name:hp;}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal"><span style="font-family: Helvetica; font-size: 10.0pt;">Texto criado durante a </span><span class="hp"><span lang="EN-US" style="font-family: Helvetica; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: EN-US; mso-font-kerning: 18.0pt;">Oficina "Histórias Reais”, realizada pelo Sesc e ministrada por Janaína Leite.</span></span><span lang="EN-US" style="font-family: Helvetica; font-size: 10.0pt;"> A Caixinha, musa inspiradora, pertence a Thaís Vaz. </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlo6VklaOGhr-jCZlcM7R1pBxPRvmJMQumKSX1AFZYLwlSdencSQ8ZtYzEEjLQYybGU-jsp-qqzz6eAC4rIrmgSsWQV4aQmsGpQWvyMuFNFfKzEJWSR8qjtheOOROH_6TpdActtBdHeIq7/s1600/027.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlo6VklaOGhr-jCZlcM7R1pBxPRvmJMQumKSX1AFZYLwlSdencSQ8ZtYzEEjLQYybGU-jsp-qqzz6eAC4rIrmgSsWQV4aQmsGpQWvyMuFNFfKzEJWSR8qjtheOOROH_6TpdActtBdHeIq7/s320/027.JPG" width="240" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3-z1V-eJ2isI-R2bp19XrB1YgR-VQfInZ6N6ihDrxQEcH7nqP_9ucr-vgid1O2icl9XaFKWDvKsT05_UmQHRKbzYOUM9hv2fMg_qc1e7FQQbVEI8VRYSRu6HvHSj1784BMLMyji8MHqMq/s1600/caixinha.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br />
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style></a></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3-z1V-eJ2isI-R2bp19XrB1YgR-VQfInZ6N6ihDrxQEcH7nqP_9ucr-vgid1O2icl9XaFKWDvKsT05_UmQHRKbzYOUM9hv2fMg_qc1e7FQQbVEI8VRYSRu6HvHSj1784BMLMyji8MHqMq/s1600/caixinha.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span style="color: black;"></span><div class="MsoNormal" style="color: black;"><br />
</div><span style="color: black;"> </span><div class="MsoNormal" style="color: black;"><span style="font-family: Helvetica;">Lembro do dia que nos encontramos pela primeira vez. Não me refiro ao dia que nos conhecemos. Falo de quando nos conectamos. Era primavera e o pátio da faculdade estava lindo. O sol, as flores, o banco onde nos sentamos, tudo está aqui dentro desta caixa. Você pegou o folder do seminário e transformou numa espécie de porta jóias para que eu guardasse os presentes mais delicados que você ainda viria a me dar. Eu tenho a caixa comigo. E não me importo dela estar vazia. Guardei o instante aqui dentro; o seu sorriso, o brilho dos seus olhos, o meu contentamento, a nossa alegria. Está tudo aqui. </span></div></a><br />
<div class="MsoNormal"><br />
</div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-31921401513636902372011-11-22T15:41:00.000-02:002011-11-22T20:39:05.881-02:00Desfiz os Nós<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUaAzvcVXNX84qbSoJHIPpMxYvwzM1izhpN67Y9ggmYtJuuVJGEMS4f9MFoMRtSC0tLoRLWpso5QVYlzn2RWywb_Ow1gK1MawIJtBawQKzISDoLWGpnqsBzwAFNcXlpjA_JMZtxw7zNAjI/s1600/correntes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUaAzvcVXNX84qbSoJHIPpMxYvwzM1izhpN67Y9ggmYtJuuVJGEMS4f9MFoMRtSC0tLoRLWpso5QVYlzn2RWywb_Ow1gK1MawIJtBawQKzISDoLWGpnqsBzwAFNcXlpjA_JMZtxw7zNAjI/s1600/correntes.jpg" /></a></div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Era a primeira vez que ele escrevia um bilhete.</span></div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Vitória que adorava escrever bilhetes. </span></div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Lucas, muso. Vitória, autora de Poemetos Neoconcretos Eróticos. </span></div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Ele nunca confessou, mas adorava encontrar no bolso da calça, do casaco, da mochila, um papelzinho colorido com uma pitada de cheiro para mais tarde.</span></div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Mas também tinha medo.</span></div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Medo, que por um descuido, um bilhete que era seu, só seu, fosse parar na alma de um desconhecido. Ele tinha ciúmes.</span></div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Lembrar dos bilhetes, lembrar do medo, lembrar de Vitória.</span></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: small;"><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> Pegou um papel colorido na gaveta, uma caneta robusta e escreveu recado sincero:</span></span></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: small;"> </span></div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><span style="font-size: small;">Tirei a roupa. Despi-me completamente.<br />
Desfiz os nós das amarras. Pulei.<br />
O vento toca meu rosto, está quase suave.<br />
A vida, neste instante, me faz um carinho bom <br />
como se fosse meu primeiro grande amor.<br />
Pude me dar conta que devo muito a você.<br />
Não se preocupe, eu guardo bem as palavras.<br />
<br />
Aproveite bastante o seu aniversário!</span> <span style="font-size: small;"><br />
<br />
Um grande beijo,</span> <span style="font-size: small;"><br />
<br />
L.</span> </div><div style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;"><br />
</div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Agora teria que descobrir em que bolso colocar o papel.</span></div><div style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"> Vitória não pendura mais seu casaco no hall da casa.</span></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-5979653441117679502011-11-17T11:59:00.000-02:002011-11-17T12:00:36.740-02:00Laurinha, Meu Destino!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKmHMuzJ57mvjRneOM9RDSREC9JBAo340n3PnjkQvtVtxk9VTGcTKmhwOSe_S6Gvs42KLINuQFWFOPjllw40P5dBuu5c29ot1MrtaTZ2K_9TgZ-gY7GkpSSHxlYqYHYoWGpbrUU6lGaqyz/s1600/cachac%25CC%25A7a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKmHMuzJ57mvjRneOM9RDSREC9JBAo340n3PnjkQvtVtxk9VTGcTKmhwOSe_S6Gvs42KLINuQFWFOPjllw40P5dBuu5c29ot1MrtaTZ2K_9TgZ-gY7GkpSSHxlYqYHYoWGpbrUU6lGaqyz/s320/cachac%25CC%25A7a.jpg" width="241" /></a></div><br />
<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal">–Alô, José?</div><div class="MsoNormal">–Sim. É ele.</div><div class="MsoNormal">–Oi, rapaz, aqui é João!</div><div class="MsoNormal">–João, meu amigo, quanto tempo! O que conta de novo?</div><div class="MsoNormal">–Por aqui, sem grandes novidades. Quer dizer, meu aniversário tá chegando. </div><div class="MsoNormal">–Opa, notícia boa! E vamos comemorar quando?</div><div class="MsoNormal">–Estou marcando um choppinho na sexta com o pessoal da metralha lá no Arco do Teles. Assim, o povo sai do escritório e vai pro abraço!</div><div class="MsoNormal">–Rapaz, que coisa boa! Mas acho que não vou, não.</div><div class="MsoNormal">–Mas o que quê há? Vai me dizer que Laurinha agora deu pra controlar os seus chopps?!</div><div class="MsoNormal">–Imagina! João, eu tenho a mulher que todo homem pediu a Deus. Não me regula em nada. Eu é que tenho uma entrevista de trabalho do outro lado da cidade. Sexta, eu nem passo no escritório.</div><div class="MsoNormal">–Eu não sabia que você estava procurando emprego.</div><div class="MsoNormal">–Eu não estou. Acontece que aquela agência vive me mandando anúncio de vagas com o meu perfil. </div><div class="MsoNormal">– José, porque você não avisou que já arranjou emprego, homem?</div><div class="MsoNormal">–Pois é! Eu ia avisar. Mas aí Laurinha...</div><div class="MsoNormal">–Você não está satisfeito lá no escritório? Não me falou nada. Eu podia ajudar. A firma que eu estou agora é excelente.</div><div class="MsoNormal">–Pois é, mas eu estou satisfeito. O pessoal é bacana. O salário é bom! O serviço é tranqüilo. É que Laurinha tem essa mania...</div><div class="MsoNormal">–Que mania?</div><div class="MsoNormal">–Ela diz que nós devemos sempre estar de portas abertas para as oportunidades. O destino não trabalha sozinho. </div><div class="MsoNormal">–Sentido faz.</div><div class="MsoNormal">–Já é a terceira entrevista de emprego que me chamam do lado de lá da cidade. Tudo empresa grande. Dessa vez, vou fazer entrevista numa multinacional.</div><div class="MsoNormal">–Não me diga?</div><div class="MsoNormal">–Pois é! E digo mais, tenho um amigo que trabalha numa construtora e já me falou que eles estão com mais de cinco empreendimentos praquelas bandas. É só eu ligar que consigo um apartamento com um belo desconto. Depois disso tudo, eu pensei: a mulher tem razão, destino!</div><div class="MsoNormal">–Rapaz, por tudo o que você está falando, acho que é coisa de destino mesmo. Olha que eu não sou de acreditar nessas coisas, não. Mas e o chefe? Vai faltar na sexta?</div><div class="MsoNormal">– E não é que o Geraldo me deu folga?! Acho que peguei o homem de bom humor.</div><div class="MsoNormal">–Deve ter sido. Porque ele não costuma afrouxar com ninguém. Quer dizer, no meu tempo, só afrouxava com quem usava saia e rebolava, né?</div><div class="MsoNormal">–Acho que sim. </div><div class="MsoNormal">–Conversa está muito boa, mas eu tenho que desligar. Depois você me conta como foi lá. Boa sorte.</div><div class="MsoNormal">–Obrigada. Olha, vou avisar Laurinha. Se ela puder, tenho certeza que irá adorar comemorar o seu aniversário. </div><div class="MsoNormal">–Maravilha!</div><div class="MsoNormal">–Abraço, meu amigo.</div><div class="MsoNormal">–Abraço.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">Na tão esperada sexta-feira, enquanto Laurinha arruma sua bolsa para sair para trabalhar, José, confortavelmente sentado a mesa da cozinha, lê o jornal. O marido diz:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–Amor, não esquece que hoje tem aniversário do João.</div><div class="MsoNormal">–Eu sei. Você já falou umas três vezes!</div><div class="MsoNormal">–Você vai?</div><div class="MsoNormal">–Vou sim. Faz tempo que não vejo o povo. Naquele churrasco de fim de ano, eu estava visitando minha mãe...</div><div class="MsoNormal">–Maravilha! Manda um abraço pros rapazes. E um beijo nas moças.</div><div class="MsoNormal">–Mando os abraços. Os beijos, não vou mandar não. </div><div class="MsoNormal">–Mulher ciumenta!</div><div class="MsoNormal">–Eu cuido do que é meu. Boa entrevista!</div><div class="MsoNormal">–Vem cá, eu preciso de um beijinho!</div><div class="MsoNormal">–Para! Assim eu me atraso. Você sabe como é o pessoal do banco...</div><div class="MsoNormal">–Até mais.</div><div class="MsoNormal">–Até. Boa sorte!</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">José sai de casa com bastante antecedência. A distância entre seu atual apartamento e a empresa que fará entrevista é grande e o trânsito costuma ser bem intenso nas tardes de sexta-feira. Ele chega com uma boa folga. Aproveita para conhecer as instalações e conversar um pouco com o pessoal que trabalha lá. Vinte minutos depois do horário combinado, é chamado para entrar na sala. Sai em menos de dez, sentindo não ter causado boa impressão. Segue rumo ao ponto de ônibus e pega uma van em direção a cidade. Com sorte, ainda consegue tomar um choppinho com o pessoal. </div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">Mas a tal van é dessas ilegais. Vendo um congestionamento causado por uma blitz, o motorista não quer nem saber, sobe no meio fio e atravessa para a outra pista quase causando um acidente. Os passageiros ficam nervosos e começam a resmungar. Umas duas mulheres começam a ensaiar um barraco, quando o filhote de <i>Nem</i><span style="font-style: normal;"> berra de volta: </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–Todo mundo de bico calado nessa porra! Vai sobrar chumbo. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Nesse momento da história, José começa a rezar como nunca rezou antes na vida. Ele só pensa na mulher. Laurinha, minha paixão! Não posso morrer longe de seus braços. O filhote de <i>Nem</i><span style="font-style: normal;"> corre como louco, metendo a van em tudo quanto é espaço, se distanciando cada vez mais da blitz e da direção do centro da cidade. Numa certa altura, ele para, olha pra trás e diz:</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–Cambada, adiantando a passagem. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Uma senhora gorda e pouco prudente pergunta:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–Eu vou ficar no centro. O senhor tá indo pro centro?</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Docilmente o motorista responde:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–A senhora vai adiantar a passagem agora e vai descer logo ali naquela vala – apontando para um canal sujo – se encher mais o meu saco.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">Todos os passageiros começam a contar suas moedas e pagam o rapazinho que está em pé. Sem perder muito tempo, ele abre a porta da van e todo mundo desce ali mesmo num matagal no meio do nada. </div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">Aproximadamente 12 horas depois desse episódio traumático da van, José chora ao lado do seu mais novo amigo, Severino:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–Rapaz, que história essa sua, hein! </div><div class="MsoNormal">–Pois é!</div><div class="MsoNormal">–Fica assim, não! O povo sempre diz: o que não tem remédio, remediado está! Homem de Deus, chora não! E agora? </div><div class="MsoNormal">–Não sei. Meu Deus! Minha mulher!</div><div class="MsoNormal">–Vou fazer o seguinte: vou pegar um banquinho, você senta nele. Aí, eu termino de limpar a calçada, fecho o bar e te levo pra casa.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">Depois de lavar a calçada e terminar de passar pano no balcão, Severino desce as portas de seu estabelecimento. Carregando José, vai ouvindo o relato da noite do seu cliente mais chorão da semana:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–Depois da gente andar quase uns trinta minutos, conseguimos chegar num ponto de ônibus. Só passava condução muito cheia. Os motoristas nem paravam. </div><div class="MsoNormal">–E aí, como que você saiu de lá?</div><div class="MsoNormal">–Esperei, esperei, esperei, até que passou um ônibus não tão cheio. Quase três horas em pé pra chegar no centro.</div><div class="MsoNormal">–Jesus! </div><div class="MsoNormal">–Aí, eu andei, andei até o local e não tinha mais ninguém lá. Vazio, vazio, vazio.</div><div class="MsoNormal">–Cuidado!</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">José quase tropeça numa caixa largada no meio da rua. Severino o segura firme para ele não cair. Nessa hora, José se emociona todo. E começa a soluçar novamente. Severino fica sem entender nada.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–Chora, não! Começa de novo, não!</div><div class="MsoNormal">–Severino?</div><div class="MsoNormal">–Diga.</div><div class="MsoNormal">–É que eu tô emocionaaaaaado. Você é meu amigo. Você é meu amigo de verdade. Está aqui me carregando. O João é um canalha.</div><div class="MsoNormal">–Mas afinal, homem, termina essa história.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">José anda até o pé de uma escadaria. Eles estão no Rio Comprido e já são quase cinco horas da manhã. Severino senta ao seu lado.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–Eu vi um garçom limpando uma mesa bem grande. Aí, eu fui falar com ele. Perguntei do pessoal e o rapaz disse que o grupo tinha acabado de pagar a conta. A maior parte tinha ido embora e a pequena parte tinha ido para a Boate dos prazeres. </div><div class="MsoNormal">–Boate dos prazeres, hein?! Essa num conheço.</div><div class="MsoNormal">–Aí, eu pensei: João, safado como ele, deve ta lá na tal Boate. Laurinha, me mata se souber. </div><div class="MsoNormal">–Você foi? </div><div class="MsoNormal">–O João era meu amigo desde o tempo do colégio. Nós estudamos no colégio de padres lá de Niterói. </div><div class="MsoNormal">–Ave, Maria!</div><div class="MsoNormal">–Pois é! Eu fui. Tava preocupado de alguém me ver e contar pra minha mulher.</div><div class="MsoNormal">–Mas se ela foi no bar, podia ter ido lá.</div><div class="MsoNormal">–Laurinha, nunca. Ela é mulher direita.</div><div class="MsoNormal">–Ué. Agora num entendi. Tinha alguém lá?</div><div class="MsoNormal">–Tinha, tinha sim. Uns cinco malandros da velha turma, bebendo, babando nas moças.</div><div class="MsoNormal">–Ô, delícia! Gostosas, hein?!</div><div class="MsoNormal">–Deixa eu contar a história, Severino.</div><div class="MsoNormal">–Vou interromper mais não. </div><div class="MsoNormal">–O João não tava lá. Eu peguei uma cerveja e comecei a beber com o povo. Tava precisando.</div><div class="MsoNormal">–Um pouco, mas agora, já bebeu muito, né? Só lá no Bar, oito cachaçinhas.</div><div class="MsoNormal">–Severino, você é meu amigo ou vai ficar regulando o quanto que eu bebo?</div><div class="MsoNormal">–Calma! Continua a história.</div><div class="MsoNormal">–Depois de um tempinho, eu saí da Boate e fui andando em direção ao ponto de ônibus. Tava demorando para vir uma condução que passasse perto da minha casa. Finalmente, passou um ônibus que me deixava a cinco quadras de casa. Peguei. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">Nessa hora do relato, os olhos de José se enchem de água. Ele começa a chorar novamente compulsivamente. Severino que é um homem de negócios, tem hora para acordar. Não pode passar o restinho de noite na rua tendo que abrir o bar em poucas horas. Mas também não quer deixar o novo amigo largado na sarjeta. Ele propõe um acerto:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–José, escute-me bem, homem. Ou você termina logo essa história sem nem mais um pio de choro ou eu vou ter que te deixar aqui. Aí, você vai ter que dormir na rua. Num posso levar pra casa um homem desse tamanho chorando. Minha mulher e meus filhos vão levar um baita de um susto se forem acordados no meio da noite com esse chororô. O que você me diz?</div><div class="MsoNormal">–Aceito.</div><div class="MsoNormal">–Então, termina de contar.</div><div class="MsoNormal">–Andando pra casa, passei em frente ao prédio de João. Vi que a luz do apartamento tava acesa. Atravessei a rua, comprei umas latinhas de cerveja no posto de gasolina. Eu já tava meio altinho. Achei que não teria problema fazer uma surpresa. Atravessei novamente a rua e quando ia apertar o interfone, escuto chamarem por meu nome:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–José?</div><div class="MsoNormal">–João?</div><div class="MsoNormal">–Ué? Achei que você tivesse em casa. Vi a luz acesa.</div><div class="MsoNormal">–Eu tava. Estou voltando da sua casa.</div><div class="MsoNormal">–Da minha casa?</div><div class="MsoNormal">–É.</div><div class="MsoNormal">–Quê que você foi fazer lá?</div><div class="MsoNormal">–Falar com você.</div><div class="MsoNormal">–Porque? Meu Deus! Aconteceu alguma coisa com a Laurinha? Ela tá bem?</div><div class="MsoNormal">–Calma. É sobre a Laurinha sim. Mas não se preocupe, ela está bem.</div><div class="MsoNormal">–Cadê a minha mulher?</div><div class="MsoNormal">–Ela está aí em cima.</div><div class="MsoNormal">–No seu apartamento?</div><div class="MsoNormal">–É.</div><div class="MsoNormal">–Vocês tão dando uma festinha? Você ia me chamar?</div><div class="MsoNormal">–Não.</div><div class="MsoNormal">–Não?</div><div class="MsoNormal">–José, Laurinha agora vai morar comigo.</div><div class="MsoNormal">–Com você?</div><div class="MsoNormal">–É.</div><div class="MsoNormal">–Como assim? Do que você tá falando? </div><div class="MsoNormal">–Eu fui até sua casa pra contar. Amigo, não sei como te explicar.</div><div class="MsoNormal">–Rapaz, eu to começando a achar a piada boba demais. </div><div class="MsoNormal">–Não é piada. É destino.</div><div class="MsoNormal">–Destino?</div><div class="MsoNormal">–Eu e laurinha há muito tempo sentimos uma coisa muito forte um pelo outro. Mas não sabíamos que era recíproco. E hoje a noite, nós descobrimos. Foi o destino que nos uniu. </div><div class="MsoNormal">–Como é que é? O destino uniu vocês?</div><div class="MsoNormal">–Você teve uma entrevista de trabalho do outro lado da cidade. Ela foi liberada cedo do banco. O pessoal da confeitaria se enrolou, eu tive que buscar o bolo. Isso foi bem na hora que laurinha saía do banco. Entendeu? O universo conspirou para que nós ficássemos sozinhos. Esse encontro foi o melhor presente de aniversário que eu poderia ganhar. </div><div class="MsoNormal">–Ou isso é uma piada de mal gosto ou...</div><div class="MsoNormal">–Não é piada. Nós conversamos.</div><div class="MsoNormal">–E aí já resolveram ficar juntos depois de cinco minutos de conversa?</div><div class="MsoNormal">–Nós passamos a noite toda conversando. Eu não fui comemorar no bar, disse pros rapazes que não tava me sentindo bem.</div><div class="MsoNormal">–Eu não acredito. Você é meu amigo de infância.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div><div class="MsoNormal">–Eu sei. Mas o que posso dizer?</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">Severino está que não se agüenta. Quer saber se o amigo meteu a mão na cara do safado que pegou sua mulher. Mas tem medo de ouvir a resposta e ter que agüentar mais cinco minutos de choro ininterrupto. Mas também pensa que se o cabra for frouxo do jeito que está parecendo ser, num vai passar uma noite na sua casa. Ele vai acabar querendo passar a semana inteira chorando o chifre. Então, sem dó interrompe o relato:</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">–Rapaz, achei que você fosse homem sério.</div><div class="MsoNormal">–Como assim?</div><div class="MsoNormal">–Não acredito numa palavra. História mais sem pé, nem cabeça.</div><div class="MsoNormal">–É verdade.</div><div class="MsoNormal">–É, não. Seu amigo desde os tempos de moleque roubou sua mulher numa noite de conversa? E disse que era obra do destino? E você acreditou?</div><div class="MsoNormal">–Severino, fala assim, não.</div><div class="MsoNormal">–Num levo frouxo pra casa que isso não é bom exemplo pros meus filhos, não.</div><div class="MsoNormal">–Severino?!</div><div class="MsoNormal">–Se quiser, aparece mais tarde no bar pra gente tomar umas cachaçinhas.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;">Foi assim que, em menos de uma semana, o destino mostrou a José o que era capaz de fazer. Naquela noite, ele que passara a semana sonhando acordado a nova vida, iria dormir na sarjeta. Isso se o chifre não atrapalhasse o seu sono.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-46082409556562775582011-11-15T13:05:00.000-02:002011-11-15T13:05:45.795-02:00Amor ou o Podre<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Georgia;
panose-1:0 2 4 5 2 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;"><span style="font-family: Georgia;">Já havia alguns anos que Roberto gostaria de receber notícias de seu filho. Não era uma idéia recorrente. E nas raras vezes que se permitiu encontrar com o passado se deparara com a distância descomunal que existia. Era quase como lembrar de um ente falecido. Um sorriso, um olhar, um breu escuro, uma doce e delicada dor de curto pulsar. Se cobrasse da memória mais imagens ou mais gestos era atingido por uma náusea. O estômago embrulhava-se todo. Sentia um asco repulsivo que o obrigava a sair pela casa abrindo portas e janelas de modo que o ar que entrasse pudesse varrer qualquer resquício de podridão. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;"><span style="font-family: Georgia;">Escovava os dentes, assistia ao jornal, ocupava os olhos com sangue, com morte, com dor. Nada lhe desagradava mais que o nojo causado por seu único descendente. Era assim que reagira nas primeiras vezes que se punha a pensar no que o outro estaria fazendo se por ventura estivesse vivo. Dessa vez não. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;"><span style="font-family: Georgia;">Depois de anos de ressentimento, de indiferença, o tempo mudara sua forma de pensar ou ele mudara sua forma de estar. Não existia borracha que apagasse a decepção. Já fazia parte dele. Não cortara o desgosto, a vergonha, como não cortaria uma perna ou um braço. Roberto pegou o telefone e discou o número sem pensar. Nem os segundos que antecedem o bip da chamada abriram caminho para o simples e lógico pensamento de que talvez, treze anos depois, aquele número pudesse estar desligado ou simplesmente pertencer a outra pessoa. O telefone tocou quatro vezes, um homem atendeu. </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Alô?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Alô?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–André?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–O que você quer?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Você sabe quem é?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–E teria como não saber?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Você sabe que dia é hoje?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Quatorze de Agosto. Domingo. Dia dos pais. Você não tem calendário?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Eu sei que dia é hoje. Queria saber se você lembrava. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Aniversário de missa de sétimo dia. Teria como esquecer a data?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;"><span style="font-family: Georgia;">Barulho de risadas. As crianças correm pela casa, gritam, chamam pelos pais. André tampa o bucal do aparelho e diz que já vai e que elas brinquem com a mãe enquanto ele fala ao telefone. Nunca ocorrera a Roberto que o filho pudesse ter se tornado pai e marido. Muito menos lhe ocorrera que o filho pudesse ter encontrado paz. Então, sentiu que a sua ligação viera em hora mais que oportuna. </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Ela tirou a própria vida e ainda consegui que tivesse um enterro cristão. Consegui um padre que rezasse as missas.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–O que você quer?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Eu quero saber como você consegue se suportar depois de tudo. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–A culpa não foi minha.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Então, você acha que eu fui o...</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Não acho que você tenha sido o culpado também.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Foi a história que você contou, André. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–A culpa a matou. Não ter percebido. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Você não se arrepende? Em nenhum momento? Nunca?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Eu não matei minha mãe. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Você ao menos a poupou dos detalhes?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Então, é isso que o preocupa? Quer saber se ela morreu ciente da sordidez?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Ainda um moleque! O que eu não entendo é por que você apareceu na missa se nem ao enterro teve a dignidade de ir. Você queria me matar de vergonha?</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;"><span style="font-family: Georgia;">Por um momento, aquela noite veio à tona. A imagem da porta da igreja aberta, o cheiro da chuva, o menino magro e frágil que ele era, os pingos de água que escorriam por todo seu corpo, a poça de água que ia se formando no chão da igreja, o ódio, a raiva que sentia. Ele não via a ninguém. Fixou seu olhar no Jesus crucificado em cima do altar. O padre gesticulava e da sua boca saía um ruído abafado e quente. Tudo girava ao seu redor. Somente quando Roberto fora chamado a prestar homenagem a esposa, André se deu conta de onde estava. Despertou da transe e logo fora envolto por um estranho sentimento de hostilidade que o impulsionara a sair correndo. Correu até não sentir mais suas pernas.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–A última coisa que passou pela minha cabeça era se você teria ou não vergonha de mim. Ali seria a última vez que o veria. –um longo respiro– Logo ali, num lugar sagrado, em frente a todas aquelas pessoas... Irônico, não?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Você quer me dizer alguma coisa, André? Por que se quiser, agora é a hora. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Você nunca foi capaz de olhar para além do seu próprio umbigo. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Ora, ora. O garotinho agora virou homem. Fale. Diga o que está há tanto tempo te corroendo. Ou só quer me desafiar? </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Longe de mim querer alguma coisa com você. Eu não fui ao enterro da minha mãe. Mas, Roberto, eu juro que se arrependimento matasse, eu iria ao seu sem nem piscar os olhos. E se precisasse, eu cavaria a sua cova com as minhas próprias mãos. E depois do caixão, a pá de terra, eu lançaria flores ao buraco que guardaria o seu corpo podre e imundo. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Filho da puta ingrato! Você teve o meu melhor, eu te dei tudo! Todo o meu amor e, ainda assim, tem coragem de falar comigo dessa maneira. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Você nunca soube o que era amar. Isso que você chama de amor me dá nojo. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–Você diz isso agora. –Um breve silêncio invadiu a linha telefônica.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">–O que eu poderia dizer? Sei o que posso dizer agora e digo: se arrependimento matasse, eu não teria de volta a infância que você roubou, mas eu teria o prazer de sepultar um monstro. </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;"><span style="font-family: Georgia;">E ali, eles desatam o nó que poderia ainda uni-los. Não há mais nada a ser dito. Essa fora a última conversa de suas vidas. André anda até os fundos da casa, onde suas duas meninas brincam com a mãe. Ele é tomado por uma serenidade nunca sentida antes, que só é interrompida pelos pedidos carinhosos e insistentes de suas filhas. Ele entra na brincadeira. Corre pelo jardim e gargalha e gira e se perde e se encontra numa alegria infantil. Sente o menino liberto da angústia. </span></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-336482437149073392011-10-31T14:30:00.001-02:002011-11-08T09:41:03.490-02:00Das Complexidades de Ser Humano<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: left;"><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Georgia;
panose-1:0 2 4 5 2 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">O que vamos aprendendo...</div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">As dúvidas que levantamos a medida que percorremos o(s) caminho(s)</div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">As respostas que não satisfazem a ninguém...</div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">E outras cositas mais...</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlWuiYcs_BaFlVJrYdjQ99-iUmWuWTsZurkfAlxehGn98g-Oqg599A4j4G7CrswtdPASbPDyL3c9NxKenSuvfLJz7cgqkslvLgAQQf5EIWgJp3uqmmwoa9GYTQwbF9Gw086NLhi7CJSqoV/s1600/drama-queen.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlWuiYcs_BaFlVJrYdjQ99-iUmWuWTsZurkfAlxehGn98g-Oqg599A4j4G7CrswtdPASbPDyL3c9NxKenSuvfLJz7cgqkslvLgAQQf5EIWgJp3uqmmwoa9GYTQwbF9Gw086NLhi7CJSqoV/s320/drama-queen.jpg" width="231" /></a></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Georgia;
panose-1:0 2 4 5 2 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> </div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">(<b>parte 1</b>)</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">O que distingue o cinismo saudável, maduro, que nos protege de nós mesmos, dos outros e das eventuais e cotidianas tragédias da vida, daquele cinismo cínico, covarde, que nos afasta de tudo e de todos e das eventuais e cotidianas belezas da vida?<span style="font-size: 14pt;">?</span><span style="font-size: 16pt;">?</span>?</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">O que distingue o cinismo que nos salva daquele que nos aniquila?<span style="font-size: 14pt;">?</span><span style="font-size: 16pt;">?</span>?</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">(<b>parte 2</b>)</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Não é porque se para de dar a alguém algo que ele não quer mais que isso resolverá os problemas que existem entre vocês.</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Falar sobre os problemas que existem entre vocês pode também não ser solução.</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Já parou para pensar que talvez não exista solução para qualquer coisa que exista entre vocês?<span style="font-size: 14pt;">?</span><span style="font-size: 16pt;">?</span>?</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">(<b>parte 3</b>)</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Mocinha saltitante: Finalmente entendi que nada sei. Digo entendi por que saber eu já sabia. Mas pra saber mesmo, eu precisava sentir. E agora eu sinto que nada sei, nunca soube e nem nunca saberei. E isso é tão libertador que eu ando pelas ruas da cidade, de um lado pro outro, esboçando um sorriso extremamente babaca na cara. E sabe como eu sei que o sorriso é de babaca?</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><b>Fim de tarde. Duas amigas andam pelas ruas de Ipanema.</b></div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Rua, carros, pessoas.</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Mocinha saltitante: Nossa, amiga! A vida é tão... </div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Amiga da MS: Tão???</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Mocinha saltitante: Tão linda! </div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Continuam caminhando e param numa lanchonete para comer lasanha.</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Mocinha saltitante: Nossa! Essa é a melhor lasanha ever!</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Amiga da MS: É... </div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Saem da lanchonete e caminham em direção ao Oi Futuro.</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Céu nublado, a ameaça de chuva é visível...</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"></div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Mocinha saltitante: Nossa! O dia está incrível!</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Amiga da MS: Mais ou menos, o céu tá nublado.</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Mocinha saltitante: Eu sei. Mas é um nublado lindo! </div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Entram no espaço cultural. Depois de uns 20 minutos, saem. A amiga visivelmente irritada e a moçinha com um sorriso enorme no rosto.</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Na porta do Oi Futuro:</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Mocinha saltitante: Como a vida é...</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Amiga da MS (irritada): Incrível?</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Mocinha saltitante (rindo): é...</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Amiga da MS: Só eu ouvir mais uma única vez que a vida é linda, que o dia está incrível, que as cores do sol, que as sombras dos prédios, que as belezas do cotidiano... e etc e tal que você vai levar uma guardachuvada na cabeça. Ok?</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Mocinha saltitante (rindo): OK. Mas posso falar só mais uma coisa?</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Amiga da MS: A última!</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;">Mocinha saltitante: Eu tava morrendo de saudade! Adoro esse seu jeitinho mau humorado!</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif; text-align: center;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> (<b>parte 4</b>) </div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"><br />
</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Abraçar a dor. Falar da dor. </div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Falar com a dor. </div><div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Rir da dor. Rir com dor.</div><span style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;"> </span><br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "Helvetica Neue",Arial,Helvetica,sans-serif;">Esquizofrenias poéticas ou uma forma de superar a si mesmo?<span style="font-size: 14pt;">?</span><span style="font-size: 16pt;">?</span>?</div> <span style="font-family: Georgia;"><br />
</span></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-21135023430308506492011-10-24T03:46:00.000-02:002012-04-11T00:23:22.406-03:00Enquanto é feira<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Georgia;
panose-1:0 2 4 5 2 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK7MetqQ4q5pQYZOg-pMyi6QXZI25LoR7CeeqTczTGlLHncEKS7iqga2_HCp2Pk8Xzy049y9jQ_2Lx2dV8S-n5ClhDYx2NsD36MlAv5EXfJQ_3g084HmvfSRh2uJIgXALxKkiGkepVJBpE/s1600/peace.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhK7MetqQ4q5pQYZOg-pMyi6QXZI25LoR7CeeqTczTGlLHncEKS7iqga2_HCp2Pk8Xzy049y9jQ_2Lx2dV8S-n5ClhDYx2NsD36MlAv5EXfJQ_3g084HmvfSRh2uJIgXALxKkiGkepVJBpE/s320/peace.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="text-indent: .5in;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-indent: 0.5in;"><span style="font-family: Georgia;">O diálogo não parecia possível. O ouvido ainda não era de mercador. Ela trocava bananas por maças na feira. E ainda sim, achava de bom tom, esclarecer as mágoas. Então, tirou um lápis da bolsa e num guardanapo esboçou o que deveria ser uma carta de trégua.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: Georgia;">Quero colocar um aviso de ocupado na minha porta. </span></div><div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: Georgia;">Talvez um que diga algo como: <i>Fechado para balanço</i></span><span style="font-family: Georgia;"> ou <i>Aqui, em breve, uma nova pessoa</i></span><span style="font-family: Georgia;">. Mas o balanço já foi feito e eu já sou uma nova pessoa. O mais apropriado, então, seria dizer algo como: <i>peça para entrar</i></span><span style="font-family: Georgia;">. Eu já sei as coisas que não quero. E dentre elas, ser invadida por você ou por outro alguém. Eu sei que na ânsia de me ver bem, você acaba nos atropelando. Não é maldade, só um jeito perverso de lidar com a vida. Um jeito doloroso que nos separou há tanto tempo atrás que nem importa quando. Eu mudei muito. E sei que mudanças te assustam. Você não precisa me salvar. Eu já me salvei. Tire o medo do olhar, a angústia da palavra, o receio do gesto, a roupa do corpo. Ou não tire nada. Se quiser algo para acreditar, acredite quando digo que estou bem. Bem de um jeito que nunca estive antes! </span></div><br />
<div> </div><div style="text-align: center;"> </div><div style="text-align: center;"> </div><div style="text-align: center;"> </div><div style="text-align: center;"> </div><div style="text-align: center;"> </div><div style="text-align: center;"> </div><div style="text-align: center;"> </div><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;"><span style="font-family: Georgia;">Agradeço tudo e muito mais.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Repousou o lápis na mesa bamba, encarou as fileiras formadas por palavras no papel. Era isso que queria dizer? Já não sabia. Dobrou o guardanapo e cuidadosamente o guardou dentro da bolsa dos ovos. Lembrou-se de que a espera costuma ser sábia mesmo quando a vida insiste em ser ligeira. </span><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Georgia;
panose-1:0 2 4 5 2 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
--
</style><span style="font-family: Georgia;">Aproveitou a sombra das árvores
do lado de lá da rua e correu para casa. O almoço ainda não havia sido feito. </span>
</div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-12276535281967651092011-10-15T22:10:00.002-03:002012-04-11T00:24:46.668-03:00Fluxograma do Encantado<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">#riodejaneirofeelings</div><br />
<br />
<div class="MsoNormal"><span style="position: relative; z-index: -2;"><span style="height: 254px; left: -51px; position: absolute; top: -28px; width: 317px;"><img height="254" src="file://localhost/Users/luciamuller/Library/Caches/TemporaryItems/msoclip1/01/clip_image001.png" v:shapes="_x0000_s1026" width="317" /></span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Helvetica;">Amigos.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;">Filme.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 14pt;">Sorrisos.</span><span style="font-family: Helvetica;">Espaços. <o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Helvetica;">Rua.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 13pt;">Copa.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;">Oficina.</span><span style="font-family: Helvetica;">Teatro.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 13pt;">Cenários.</span><span style="font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Helvetica;">Peça.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 13pt;">Estréia.</span><span style="font-family: Helvetica;">Figurino.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 10pt;">Ironia.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 13pt;">Diálogos.</span><span style="font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Helvetica; font-size: 14pt;">Consumo.</span><span style="font-family: Helvetica;">Tendências.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 14pt;">NeIn.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;">Mercado.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;">Feminino.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 13pt;">Masculino.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;">Engraçado.</span><span style="font-family: Helvetica;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Helvetica; font-size: 13pt;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Helvetica; font-size: 13pt;">Permanente</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 14pt;">.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;">Colo<span id="goog_61562493"></span><span id="goog_61562494"></span><a href="http://www.blogger.com/"></a>rido.Risos.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 13pt;">Abraços.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;">Calçada</span><span style="font-family: Helvetica;">.Praia.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 13pt;">Gritos.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;">Alegria</span><span style="font-family: Helvetica;">.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 14pt;">Orgasmos.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 13pt;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Helvetica; font-size: 14pt;">Dia.Sono.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;">Fandangos.Ovomaltine.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 13pt;">Feriado.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%;"><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;">Ônibus.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 14pt;">Barco.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 11pt;">Cama.</span><span style="font-family: Helvetica; font-size: 14pt;">Desabo.</span></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-10906464146833682462011-10-04T23:21:00.002-03:002014-03-11T18:46:52.878-03:00Lembranças<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span">Eu nunca quis a sua liberdade.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span">Eu nunca quis os seus pensamentos. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span">Eu nunca quis ter mais do que um grande amor.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span">Eu nunca quis realmente me casar com você.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span"><br />
</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span"> Eu queria seu zelo, seu carinho, seu silêncio. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span"> Eu queria um bocado seu só pra mim.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span"> Eu queria mesmo você dona de si. </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="font-family: Georgia,"Times New Roman",serif;">
<span class="Apple-style-span" style="font-size: small;"><span class="Apple-style-span">O que eu realmente queria era você pro mundo.</span></span></div>
Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-32982736245950904502011-08-31T11:50:00.001-03:002011-10-31T14:40:49.490-02:00Cotidiano Pulsante (Parte 5)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgesBx7LqKHoQ858bZfINWBuMx72hXtFD0P_raUUV_bOekj9qPypAFhldIRali0B_Qrnm9D99yZ17lKsOaZKA73uw-Pjlqb33FXg6v7dI5gVEkBgOGm5Z-0yf5R-N0Z91K1G0FfNi2nrMLP/s1600/menina+Musica+ruim.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="252" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgesBx7LqKHoQ858bZfINWBuMx72hXtFD0P_raUUV_bOekj9qPypAFhldIRali0B_Qrnm9D99yZ17lKsOaZKA73uw-Pjlqb33FXg6v7dI5gVEkBgOGm5Z-0yf5R-N0Z91K1G0FfNi2nrMLP/s320/menina+Musica+ruim.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">musicamalditafeelings!</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Meu vizinho tem um gosto musical péssimo!</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Lá vem você.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Lá venho eu?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Você e seus preconceitos... </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Eu nem falei nada. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">- Ele tava ouvindo o quê? Pagode? </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Não. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Axé? Funk?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">Não. Não.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Brega? Sertanejo?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">- Também Não.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Já sei, Heavy metal?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Não. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Putz grila! Agora você implica com o quê?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia; font-size: 13.0pt;">-Minha querida, entenda: um ser humano que desperta as 5 e meia da manhã com qualquer coisa no volume máximo não entende nada de música. Simplesmente a essa hora, nada, em absoluto, presta. </span></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-86589947473156494282011-08-25T22:28:00.002-03:002011-10-15T22:14:46.198-03:00O Cheiro do Menino Homem<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Georgia;
panose-1:0 2 4 5 2 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
p
{margin-right:0in;
mso-margin-top-alt:auto;
mso-margin-bottom-alt:auto;
margin-left:0in;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:Times;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">O respeito do pai não viera com o avançar da idade. Os números indicavam que Paolo já era um adulto. Mas para seu progenitor, em dias bem humorados, não passava de um menino. O filho, no fundo, percebia o quase desprezo sentido. Por dentro fora, negava culpa. Por dentro dentro, naquele lugar onde ficam guardadas as mais remotas lembranças e as grandes angústias, preferia nem saber o que achava do assunto. Menino homem - corpo de homem, coração de menino - levava a vida com grandes preocupações. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div><div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">Os aborrecimentos do rapaz não eram os que o pai esperava que ele, aos vinte e três anos, tivesse. Arturo, quarto filho de uma família de imigrantes, trabalhou bastante para que nada faltasse aos seus dois herdeiros, Paolo e Agata. E como a maioria dos seus contemporâneos passara mais tempo longe do que perto. E quando perto, muito longe. Pai e filho pertencem a gerações tão absurdamente diferentes que seria até curioso não haver abismo entre os dois. Arturo nem sabe que história era essa de adolescência tardia. Não seria um prolongar desnecessário da fase mais besta que o homem tem?</span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div><div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">Faltavam ainda sete anos para que o filho chegasse aos trinta. Para o pai, os anos corriam como meses e as escolhas de Paolo não o levariam a lugar algum. Depois de terminar a faculdade, concluída com muito custo e desgosto, o rapaz, ao invés de procurar um emprego ou prestar concurso, como o pai gostaria, voltou a estudar. Arturo achava que essa história de que o filho não se realizaria como advogado - que sua vocação residia em outro universo - era a mais pura sem-vergonhice. Mal sabia ele que seu filho era só mais um de tantos nessa posição ridícula de recomeço após vivenciar grande descontentamento. E talvez se não fosse pelo fato de ser seu filho, aplaudiria um jovem rapaz que prefere ter coragem ao invés de pura resignação. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div><div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">O italiano não era duro por que tivera uma vida duríssima. Era o homem caçula de uma família de imigrantes. O único do sexo masculino que nascera e vingara em solo brasileiro. Seu pai, homem um pouco mais instruído que a maioria dos seus conterrâneos residentes no país, conquistara uma posição privilegiada na sociedade. Teve trabalho e também sorte, bons investimentos e bons sócios. Criou os filhos com casa, comida e boa educação. Não ostentava luxo, mas não deixava nada faltar. Arturo e os irmãos ajudavam nos negócios da família, enquanto que as irmãs ficavam com a mãe cuidando da casa. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div><div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">Arturo adorava falar para Paolo, desde que este se entendia por gente, o quanto já havia feito quando tinha sua idade. Aos vinte e três, já era formado engenheiro. E fora incumbido de cuidar de uma grande obra do outro lado do país. Num lugar que mais parecia terra de ninguém. Sob seu comando, estavam mais de quinhentos homens, era o que dizia. Não contava suas histórias com o brilho no olhar de quem gosta de reviver memórias. Acreditava que de uma forma ou de outra, arrancaria da cabeça do filho as idéias desmioladas. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div><div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">A verdade é que Arturo nunca conseguiu mesmo ser pai de Paolo. Que um homem de sua origem e idade exigisse sempre as melhores notas e conduta exemplar, natural. Mas não era isso, ele competia com o filho como se fosse irmão um pouquinho mais velho, queixoso de ter perdido afeto dos adultos para o que acabara de chegar. Aquele irmão que sempre precisa ser melhor em tudo. O filho nunca tivera uma conquista, na qual o pai não fizera questão de sombrear com as suas. E quando ele não ofuscava o mérito do menino relatando um mérito próprio, era porque estava tão absorto em si mesmo que sua indiferença cuidava de esmagar um pouquinho mais a auto estima do bambino. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;"> Sempre criticado, acusado de fazer péssimas escolhas, mesmo quando estas se mostravam acertadas, não seria de estranhar que o menino homem tivesse dificuldades em se livrar da condição infantil que ainda o ligara ao pai. Buscava aprovação. Mesmo discordando de tanta coisa, mesmo enxergando o mundo de forma tão diferente, sempre consultava o pai. A admiração que sentia por seu progenitor, por sua carreira e a forma generosa como tratava as pessoas, era grande demais para entender que enquanto fosse complacente, só teria desprezo disfarçado de uma descabida comiseração. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span><br />
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;"> A mãe de Paolo nunca contradizia o marido, nem na frente, nem por trás. Eles não eram daqueles típicos casais de antigamente, cujo papel do homem era ser vilão e o da mulher, ser boazinha. Também era rígida, mas definitivamente muito mais afetuosa que o marido. Sempre reconhecia as conquistas do filho e gostava de lembrá-lo o quão orgulhosa ficava com suas realizações. Mas dentro fora, isso pouco efeito tinha. Se de um lado a mãe o colocava para cima, do outro, venerava o pai. Então, se o pai era rei absoluto, tudo o que ela dizia mais parecia ser conversa de mãe. Uma forma encontrada por ela para aumentar a confiança do filho e não elogio merecido. Dentro dentro, filho pensava então que a mãe o tivesse menos ainda, por isso ela, vez outra, o enaltecia.</span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span><br />
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;"> Durante muitos anos, Paolo, sem entender direito, tinha pela mãe esse ressentimento de quem é tratado como vítima, não sendo, ou sendo, não querendo ser. Faltava-lhe com o devido respeito. Não era propriamente mal criado. Aprendera com o pai a ter aquele olhar indiferente, menosprezando os seus dizeres. Paolo ouvia sempre, mas descartava os conselhos da mãe da mesma forma que Arturo descartava as opiniões do filho. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span><br />
<span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;"> O menino homem soprava velas e a medida que os anos passavam, mais difícil era frear as angústias que moravam dentro dentro dele. Aos poucos, os conflitos acobertados das mais falsas ilusões iam se transpondo para fora. Paolo não tinha bem o controle do que saía. E o que era ruim demais e por isso justificava o esforço de trancar a sete chaves dentro de si, ia se transpondo para o mundo ao seu redor. Os muitos segredos guardados cheiravam mal, alguns a naftalina, outros, a cachorro molhado.</span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span><br />
<div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">E por causa do cheiro que as mágoas tinham, a casa tornou-se insuportável. As salas, os quartos, a varanda, o jardim, a cozinha, não havia lugar que não estivesse contaminado com o odor. No começo, Paolo tentou com muita força guardar de volta aquilo tudo, não conseguiu. Era mais forte do que ele. E a vergonha era tanta que só fazia o cheiro piorar. No início, ninguém entendia o que estava acontecendo. A mãe que era muito zelosa começara a espalhar pelos cômodos mais vasos de flores que o habitual. Tendo percebido que seu jardim não daria conta e que ela não teria vasos suficiente, passara a utilizar outras táticas. Comprou aromatizantes para todos os cômodos, o que não adiantou. Arturo que já não tinha lá um belo olfato começou a se incomodar. Talvez menos com o cheiro e mais com a inquietação da esposa. Já havia procurado explicações para o odor, explorando a casa por dentro e por fora na tentativa de achar o local de onde exalasse com mais força. E nada. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div><div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">Não demorou para os desentendimentos começarem a acompanhar toda e qualquer reunião familiar. A mãe era acusada de louca, pois resolvera esquentar canela e sair correndo com a frigideira quente na mão benzendo os aposentos. A filha passara a costurar obsessivamente saquinhos de cravos da índia, os quais ia colocando dentro de tudo quanto era vão, buraco, esquina que encontrava. Fato que também a enquadrava no perfil de louca segundo o pai. Este era tido como inoperante pela filha e relapso pela esposa. O caos estava armado. Ninguém mais suportava o cheiro e o convívio familiar. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div><div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">E o menino homem, mesmo com muita vergonha, já não sabia se era do cheiro ou de não ter contado a verdade antes, se viu obrigado a enfrentar os seus entes queridos. Fosse como fosse, ele contaria a verdade. Afinal, a culpa pelo caos era maior do que o medo de não achar a cura. No fundo, ele tinha a esperança de que seus familiares entendessem a sua situação. Afinal, além de se incomodar com o cheiro tanto quanto os outros, tinha vergonha de ser o responsável. E enquanto todos buscavam uma resposta pela casa, ele buscava uma resposta nele mesmo. E enquanto não conseguia parar de exalar e nem de suavizar o odor, ficava o menor tempo possível dentro da casa, o que também o fazia sofrer. </span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div><div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">A esperança move o mundo. Não, a necessidade move o mundo. Paolo esperou o término do jantar. Não demorou, afinal o odor não favorecia o apetite. Ele então se levantou e pediu a atenção de todos. Enquanto procurava as palavras certas, o telefone começou a tocar. Sua mãe levantou e foi atender. Do outro lado, era o primo Antelmo, neto do irmão do pai de Arturo. Ligava da Itália para saber quando Paolo chegaria. A mãe não entendeu. E então, o primo perguntou de novo, dessa vez, complementando a pergunta com a informação de que Paolo conseguira a bolsa de mestrado em história da arte na mesma universidade que ele, Antelmo, lecionava. Foi um alvoroço. Paolo estava tão preocupado com o odor que esquecera por completo os trâmites da vida. A mãe e a irmã ficaram radiantes. O pai, sempre com aquela pontadinha de amargura, solta <i>pelo menos esse mestrado é na Europa, lá que se fez arte de verdade</i></span><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">. Acabou que com a confusão, o odor ficou em segundo plano. E depois, Paolo achou melhor poupar a família do desgosto. Ele iria embora e os problemas estariam resolvidos.</span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div><div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">Na Europa, ele tratou de viver sua vida. Mantinha o menor contato possível com o Brasil. Tinha medo. E nem gostava de pensar nisso. Passados quatro anos desde que deixara o conforto de casa para aventurar-se pelo mundo, Paolo começou a sentir muita falta da família. O tempo longe o transformara. Depois que terminou o mestrado, passou dois anos viajando pela Europa. Fez estágios em museus, conheceu pessoas, se apaixonou, se iludiu, se apaixonou de novo. E quando viu que era hora, entrou no doutorado. Estava tão bem e confiante que resolveu convidar a irmã para passar uma temporada com ele. Agata não pensou duas vezes, recebido o convite, fez a mala e foi.</span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div><div style="text-indent: .5in;"><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;">Nos primeiros dias, os irmãos saudosos fizeram uma festa danada. Aproveitaram para passear pela região, visitar os pontos turísticos e os locais favoritos de Paolo. Também experimentaram as melhores cantinas. E numa noite dessas, depois de beberem a segunda garrafa de vinho, a irmã começou a contar como o pai mudara nos últimos anos. Como criticava tudo o que ela fazia. E que estava tão amargo que era impossível ficar perto dele. Paolo queria perguntar do odor desde que viu a irmã no aeroporto. Talvez ali seria a hora de tocar no assunto. <i>E o cheiro da casa?</i></span><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;"> Perguntou antes que pudesse se arrepender. <i>A casa sempre teve um cheiro esquisito, né, Paolo?! Na sua época, quer dizer, antes de você ir embora, era de cachorro molhado. Agora é de enxofre.</i></span><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;"> Definitivamente ele não esperava por aquela resposta. <i>Como assim a casa sempre tivera um cheiro esquisito?</i></span><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;"> Ela ri, percebe ser a única que sabe o segredo. <i>Quando a gente era criança tinha cheiro de tuti fruti, não lembra? Também teve cheiro de romã. Depois, teve cheiro de manga. Um monte de cheiro.</i></span><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia; font-size: 12.0pt;"> Ele fica estarrecido. Nunca pensara sobre isso. E era verdade. A casa sempre exalou um odor gostoso. Quer dizer, exceto naquela vez que vinha dele. Então, a irmã caçula, como se invadisse seus pensamentos, o traz de volta para o instante, ao mesmo tempo que arranca o peso do mundo de seus ombros como se a culpa fosse tão leve quanto a pena de um beija-flor. <i>Seu bobo, a nossa casa sempre cheira ao sentimento dos seus moradores. </i></span><span lang="EN-US" style="font-size: 12.0pt;"></span></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-4050821538673457932011-08-23T23:33:00.000-03:002011-10-15T22:15:05.554-03:00Homem Gigante<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh51sEzvq5mGz74h2tRH9mOFes1859GiUThuv7cfM7HaitMpO07HYjfX635RMhMQM0Ia1W_qryzJ2rMswcTgMzYVkf5s2q3p8fJGxPKKRfslX7PddM_PdGXo1W1LwybsdsaFXqXYIFZ8bVt/s1600/Foto+criada+em+2011-08-23+a%25CC%2580s+23.11+%25234.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh51sEzvq5mGz74h2tRH9mOFes1859GiUThuv7cfM7HaitMpO07HYjfX635RMhMQM0Ia1W_qryzJ2rMswcTgMzYVkf5s2q3p8fJGxPKKRfslX7PddM_PdGXo1W1LwybsdsaFXqXYIFZ8bVt/s200/Foto+criada+em+2011-08-23+a%25CC%2580s+23.11+%25234.jpg" width="200" /></a></div><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Georgia;
panose-1:0 2 4 5 2 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal"><br />
</div><style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Georgia;
panose-1:0 2 4 5 2 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Mãe, Olha! </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Jimmy, não aponta. Meu Deus do céu, é o Homem Gigante!</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">- Homem Gigante?! </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Oi, garoto, tudo bem?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Nossa! </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Qual seu nome?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Jimmy. O que você fez pra crescer tanto?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Jimmy! Desculpe, Homem Gigante, coisa de criança.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Tudo bem, senhora, eu não me importo. Escute, garoto, você também pode crescer muito. Talvez um dia possa ser até maior e mais forte do que eu. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Uau! O que devo fazer?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Bem... </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Já sei! Fazer toda a minha lição de casa. E também arrumar minha cama. Comer tudo que a mamãe colocar no prato. Aí eu vou crescer, não vou? </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Oh, Jimmy! Crescer não é como esperar pelo natal. Você terá que vencer a dor!</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-A dor?!<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-É a dor que faz crescer. Escute-me bem, Jimmy: os anos irão passar, você vai se iludir, vai se machucar, vai se arrepender, talvez até se perder pelo caminho. Mas quando a dor vier, Jimmy, ela vai te esmagar como se você fosse um inseto. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Ahn?!</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Garoto, vai chegar um momento em que o mundo parecerá insuportável. Você vai estar chão. E quando achar que não tem mais para onde ir, nem quem recorrer, lembre-se de mim. Pense na minha altura. Pense em todas as coisas que eu posso alcançar. Tudo o que eu posso fazer. Certamente, os primeiros centímetros despontarão. </span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Homem Gigante?</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Diga, Jimmy.</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">-Não será mais fácil eu terminar a escola, me tornar um cientista, virar um PhD e numa noite qualquer trabalhando no laboratório acontecer um acidente e eu acabar contaminado pela minha própria experiência? </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">Homem Gigante: Se a dor faz crescer, sou o maior homem do mundo!</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">[<i>Química Básica:</i></span><span style="font-family: Georgia;"></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;"><i>Nada se perde,</i></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;"><i>Tudo se transforma.]</i></span></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-80410040057423782972011-08-19T10:48:00.001-03:002011-08-19T11:08:00.916-03:00Mangueira do Tempo<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Georgia;
panose-1:0 2 4 5 2 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjygrQSgJDKjqnaZ1chAZ-xhF1jyiXomdzwDF_f3J9sOm2DAxfTIcL0iNkzwlL4n4UmnGtYQbP_HUpld6hkzAMCrLKl0LU20DmRpRXtU4AHS-d8obQrmvmtsKijiYx6Tf0X3OSzPnwzdAyX/s1600/mangueira" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjygrQSgJDKjqnaZ1chAZ-xhF1jyiXomdzwDF_f3J9sOm2DAxfTIcL0iNkzwlL4n4UmnGtYQbP_HUpld6hkzAMCrLKl0LU20DmRpRXtU4AHS-d8obQrmvmtsKijiYx6Tf0X3OSzPnwzdAyX/s1600/mangueira" /></a></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">Sentado ao pé de uma mangueira, aproveitando a sombra no meio da tarde, seu Benedito conversa com o vento: “Eu hoje sou quem a vida me tornou. E ela que é muito esperta vai me moldando com a substância daquilo que fui. Quando eu olho para trás, não vejo passado. Vejo lembranças. Filamentos que já não são mais os mesmos.” Ele vai recostando o corpo no tronco. Os olhos parecem pesados, luta para que as pálpebras não se fechem. O esqueleto que é todo gasto procura mais conforto. De súbito, seu Benedito arregala bem os olhos, mais vivo do que nunca, prossegue: “O binóculo sempre reflete o espírito exaltado do presente. O futuro é danado, só existe mesmo no sossego. Senão bota as dores de antes noutras circunstâncias.” Como quem vai adentrando nos próprios pensamentos, aquele senhor de corpo frágil parece se perder no instante. E novamente, desperta do sono não dormido, enche o pulmão de ar e diz ao vento: “Então, eu miro bem pro passado, eu encaro o antigo. Mas para não correr perigo, eu escolho o momento. Só me atrevo, só me arrisco, quando meu peito transborda contento.” Ele olha para o lado e balança a cabeça como quem concorda com o que acabara de ouvir. “É, meu amigo, só assim não fico preso nas armadilhas dos fantasmas.” </span></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-39712828485294074372011-08-19T00:51:00.000-03:002011-10-31T14:40:49.490-02:00Cotidiano Pulsante (parte 4)<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Georgia;
panose-1:0 2 4 5 2 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">Jimmy, answer me: </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">Compaixão sarcástica ou Solidariedade cínica?!</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">Se arrependimento matasse,</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">eu iria ao seu enterro.</span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitRwznqcnrlC-F-V8hx28vP11EKFLkICS-SNyCVmmHifDjuJYFoYcoXa6DOyR-cNMR1gcFVwCHX1UQ4LeRvSqobiOpJ6qRcuv_kbDk1mGO7gwgGi_S6tEWNejJSD7Koe-j6uBsN_fieBu9/s1600/chicken.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="258" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEitRwznqcnrlC-F-V8hx28vP11EKFLkICS-SNyCVmmHifDjuJYFoYcoXa6DOyR-cNMR1gcFVwCHX1UQ4LeRvSqobiOpJ6qRcuv_kbDk1mGO7gwgGi_S6tEWNejJSD7Koe-j6uBsN_fieBu9/s320/chicken.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal"><br />
</div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-38746857343681132782011-08-17T01:00:00.000-03:002011-10-31T14:40:49.491-02:00Poemetos saudosos de minina (Chuchu)<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal">Chuchu</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Chuchu, cenoura, abóbora,</div><div class="MsoNormal">Cuidado, eu não demoro.</div><div class="MsoNormal">Chuchu, cenoura, abóbora, </div><div class="MsoNormal">Cuidado, eu te devoro</div><div class="MsoNormal">Chuchu, cenoura, abóbora,</div><div class="MsoNormal">Te como todo, inteiro </div><div class="MsoNormal">e prometo: </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">não largo pedaços.</div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-84354406240331425892011-08-17T00:57:00.002-03:002012-04-11T00:26:46.169-03:00Poemetos saudosos de minina (Cupcake minino)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2C6xCBnw6dQq8i2Ln4pz6aYaZiWgWwaxfOjcxou_U4nlwlnksdcCFYaaPATnIOBP-tJ9P0a9Few0pjQNhJOnTOIjyhVEcsjPKFzViTex9wVBBcwtGiFm29z6axgvcv7wi3G2lgbJgUgrU/s1600/bettyboop2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2C6xCBnw6dQq8i2Ln4pz6aYaZiWgWwaxfOjcxou_U4nlwlnksdcCFYaaPATnIOBP-tJ9P0a9Few0pjQNhJOnTOIjyhVEcsjPKFzViTex9wVBBcwtGiFm29z6axgvcv7wi3G2lgbJgUgrU/s200/bettyboop2.jpg" width="200" /></a></div> <style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal">Cupcake minino </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Você é doce, desejo, Suspiro.</div><div class="MsoNormal">Doce, pecado, minino,</div><div class="MsoNormal">Doce, escaldado, invertido. </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Você é doce, chocolate, beijinho.</div><div class="MsoNormal">Doce, chiclete, pirulito.</div><div class="MsoNormal">Doce, jujuba, miminho.</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Seu gosto não enjoa, </div><div class="MsoNormal">Mas se eu fico a toa, </div><div class="MsoNormal">com teu doce, arrepio! </div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-57383383841940341322011-08-17T00:56:00.000-03:002012-04-11T00:26:46.170-03:00Poemetos saudosos de minina (O Ponto)<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:8.5in 11.0in;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="MsoNormal">O Ponto </div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Perco o ponto</div><div class="MsoNormal">E na esquina</div><div class="MsoNormal">perco a vírgula</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Eu interrogo</div><div class="MsoNormal">E na esquina</div><div class="MsoNormal">perco a linha</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Perco o ponto</div><div class="MsoNormal">perco a vírgula</div><div class="MsoNormal">Exclamo Vida</div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal">Seu sorriso não engana</div><div class="MsoNormal">Eu gosto de barba comprida</div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-7402561035158438288.post-79992629182377165112011-08-11T11:17:00.000-03:002012-04-11T00:26:46.171-03:00Cotidiano Pulsante (parte 3)<style>
<!--
/* Font Definitions */
@font-face
{font-family:"Times New Roman";
panose-1:0 2 2 6 3 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
@font-face
{font-family:Georgia;
panose-1:0 2 4 5 2 5 4 5 2 3;
mso-font-charset:0;
mso-generic-font-family:auto;
mso-font-pitch:variable;
mso-font-signature:50331648 0 0 0 1 0;}
/* Style Definitions */
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal
{mso-style-parent:"";
margin:0in;
margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:12.0pt;
font-family:"Times New Roman";
mso-ansi-language:PT-BR;}
table.MsoNormalTable
{mso-style-parent:"";
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman";}
@page Section1
{size:595.0pt 842.0pt;
margin:1.0in 1.25in 1.0in 1.25in;
mso-header-margin:.5in;
mso-footer-margin:.5in;
mso-paper-source:0;}
div.Section1
{page:Section1;}
-->
</style> <br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkD6C6CV76iDIU_Q78b3poDwWeSpEWvd7IgW5U59hxW8X5McaTNiMrzdPor2iFaY2kdp1wec6qv6qlteEIz4WxTYJHw_Y_PYMg-wcy61YGZ_mf3EizfdbIeMMqqE9srj6vXIgyMfJAXteR/s1600/acme3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkD6C6CV76iDIU_Q78b3poDwWeSpEWvd7IgW5U59hxW8X5McaTNiMrzdPor2iFaY2kdp1wec6qv6qlteEIz4WxTYJHw_Y_PYMg-wcy61YGZ_mf3EizfdbIeMMqqE9srj6vXIgyMfJAXteR/s320/acme3.jpg" width="237" /></a></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">ACME feelings</span><span style="font-family: Georgia;">! </span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">Quinta-feira - 2:00 am</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;"> </span><span style="font-family: Georgia;"> </span> </div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">Moçinha dada a cantora gospel com repertório Ploc...</span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;"> </span><span style="font-family: Georgia;"> </span> </div><div class="MsoNormal"><span style="font-family: Georgia;">Olho para o céu e me pergunto: onde está a bigorna, Senhor, onde???</span></div>Violeta Rodrigues Müllerhttp://www.blogger.com/profile/03362442368608545472noreply@blogger.com1