[22.12.2010
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Eu achava estar enlouquecendo.
Sofria o que não existia, o que nunca existiu?
Talvez eu tenha me perdido entre um suposto amor e
um grande balde de dor.
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Resolvi sofrer mesmo, sofrer tudo.
Beirar a loucura até o coração sufocar.
Insuportável.
Será que se ele se dilacerar, um dia, a pior das dores irá passar?
De uma forma ou de outra, passa.
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Descobrir não estar sofrendo o irreal faz a dor se dissipar.
Reconhecer que sim, eu amei. E o amor estava lá.
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Eu escolhi e ela não foi capaz de escolher.
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Escolhi o amor mesmo sabendo que não era a realização óbvia da carne,
da minha. Mas, afinal, a vida é feita de escolhas.
E quando se Escolhe, a completude se realiza.
Eu sei. Ela também.
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Mas nada disso importa.
Importa que o amor talvez nunca acabe.
Mas a dor, sim.
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Hoje acordei mais sóbria.
Achei um poema dela e não tive raiva,
nem medo, nem vontade de rasgar.
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Lembrei o dia que ela escreveu.
Senti um pouco de pena da gente.
Ela tão apaixonada. Eu tão cansada.
Aquele mês de dezembro me matou.
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Lembrar não ter forças, lembrar querer,
mas não corresponder à altura,
não naquele dezembro.